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AS CORTES DO REI CONGO DE ANGOLA
Outro grande mestre, incentivador e divulgador do folclore capixaba, Hermógenes Lima Fonseca, em depoimento sobre nossas manifestações populares assim refere-se a elas: "É como eu disse né, a turma vai astuciando coisas pra se tornar diferente; porque o folclore não é uma coisa estática, ela evolui; o povo está sempre criando aí criando". (Primeiro CD do grupo Manimal, faixa 1). As Bandas de Congo, foram assim se modificando com o passar do tempo. O nome guarará, foi mudado para congo ou tambor, por isso, o conjunto veio a ser denominado banda de congo, como hoje é conhecido, e que faz melhor referência à África, "as cortes do congo tem a sua origem em Angola". (15) Também o termo massaraca ou massacaia, foi mudado para chocalho ou sucaio. Feito de cabaças, tendo no seu interior sementes do mato, que hoje são substituídas por grãos de feijão e milho. Outro instrumento de origem africana, a puita ou cuíca, foi introduzido. Permaneceu o cassaco, "também chamado cassaca ou cassaco, ou ainda por contaminação, canzaco, evidente influência de canzá ou ganzá, que seria termo quimbundo, segundo os entendidos em línguas africanas" . (16) Somam-se a essas transformações, as anteriormente referidas sobre o "modo de dançar dos negros e mais as toadas, onde se encaixam aqui e ali, termos e expressões africanas, referências à escravidão, entoadas dentro do ritmo negro, quente e sensual." (17) Quando em 1951, comemorava-se o IV Centenário da Cidade de Vitória, foi realizada a primeira concentração de bandas de congo; nesse evento já se notavam diferenças entre os conjuntos. Segundo mestre Guilherme Santos Neves, a de Caieiras Velha (Santa Cruz), "conservava o instrumental mais rústico: os tambores (troncos ocos) e os cassacos não apresentavam a mesma forma dos outros, não sendo, na sua feitura, utilizados pregos, mas tarugos de madeira" (18), e à monotonia dos seus cânticos, compostos por dois ou quatro versos repetidos continuamente, remetem àqueles observados em 1880 pelo Bispo Pedro Maria Lacerda em Nova Almeida e Fundão. A cidade de Vitória esteva bem representada. A Banda de Congo Amores da Lua, das mais conhecidas, teve sua origem no Bairro Santa Marta, quando o ferroviário Alarico de Azevedo, a professora Jacinta Souza e o devoto de São Benedito Alfredo Manoel Silva se encontraram em 20 de março de 1945. Outra Banda participante foi a "Panela de Barro", fundada em 1938. O dono da banda (em 1982), era Arnaldo Gomes Ribeiro, proprietário da fábrica de panelas de barro em Goiabeiras, bairro da zona norte da capital. "Daí o nome Banda de Congo 'Panela de Barro' ". (19) Referência ao artesanato típico fabricado pelos seus integrantes, que é utilizado para preparar nossas delícias da arte culinária: moqueca e torta capixaba. Tradicionalmente o conjunto é formado por 10 a 30 pessoas. Só os homens tocam os instrumentos. As mulheres representam as Rainhas, trajam vestidos longos, nas cores azul ou branco, com enfeites, e levam à frente o estandarte com o Santo de louvor, São Benedito, São Sebastião, São Pedro, Nossa Senhora do Rosário. Uma das antigas festas realizadas pela Irmandade dos Pretos do Rosário e São Benedito no centro de Vitória, eram os Bailes de Congo, representados no adro da Igreja do Rosário, por doze meninas vestidas e enfeitadas e uma gorda matrona. |
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