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Vila Velha
Congo

RITUAIS PROFANO-RELIGIOSOS

Segundo mestre Antonio Rosa, os 25 músicos que integram as bandas, representam os 25 escravos que se salvaram do naufrágio do navio Palermo nas proximidades do litoral de Nova Almeida, em 1856, agarrando-se ao mastro que continha uma imagem de São Benedito. Desde então, as comunidades de negros do litoral capixaba passaram a fincar o mastro todos os anos para agradecer o milagre, São Benedito é louvado nas festas do mastro, com a cortada, a puxada e a fincada. A Festa de Congo de São Benedito, e as cerimônias do mastro começam duas semanas antes dos dias 25 e 26 de dezembro, respectivamente o dia de Natal e o dia do Santo. Na Serra um cortejo sai pelas ruas da cidade, com o barco, o mastro e a bandeira do santo, e as bandas tocando os seus instrumentos, acompanhado pelo povo que entoa as suas cantigas. Ao final, com grande satisfação e espocar de fogos, o mastro é fincado em frente à igreja de Nossa Senhora da Conceição. Para fechar esse ciclo, no Domingo de Páscoa acontece a derrubada do mastro, que é retirado da praça e levado pelo povo através das ruas da cidade, em uma coreografia que lembra o movimento das ondas do mar revolvendo o mastro, no qual os sobreviventes do Palermo se agarraram, e foram levados até a praia, por um milagre do Bino Santo. A representação é acompanhada pelas bandas de congo em todo o seu trajeto.

Outro festejo que merece destaque é o Congo de Máscaras de Roda D'água de Cariacica/ES, realizado pela Banda de Congo de Santa Isabel, e bandas convidadas. Segundo o historiador e folclorista Eliomar Mazoco, autor do livro 'Congo de Máscaras', "a festa acontece três vezes por ano: no Domingo de Ramos, no domingo seguinte, e no dia de Nossa Senhora da Penha. Só os membros da comunidade participam da brincadeira. Eles confeccionam as máscaras com moldes de barro e papel marche" (21), e fazem as fantasias, com roupas usadas, papel, folhas de bananeira e outros materiais. Os instrumentos e máscaras eram feitos pelo mestre Queiroz. Outra banda local, é a São Benedito de Cariacica, fundada em 1937, que conta ainda, com um de seus fundadores, Benedito Epifânio.



Mestre Antonio Rosa, lembrava sempre da figura do "tio Zé", José Maria da Silva, o autor da maioria das músicas de congo, e da mais famosa delas: "Madalena, Madalena", que ele fez para sua filha quando do seu nascimento. A música foi popularizada, através de sua gravação pelo sambista Martinho da Vila, que a escutou pela primeira vez na Barra do Jucu (Vila Velha), com a letra modificada, adaptada pela banda local, pois cada banda de congo possui suas características próprias, seja quanto aos versos das músicas, ao número de integrantes, aos instrumentos e as cores com que são pintados. A repercussão de "Madalena", chamou a atenção dos capixabas para a importância do congo, uma manifestação sem igual em todo o Brasil.

Outro movimento importante, que contribuiu para a divulgação do congo, surge na última década do século XX, tendo à frente o maestro Jaceguay Lins e jovens músicos capixabas, que com a Banda Dois, uniram o ritmo do congo ao rock.

Em meados dos anos 90 a banda Manimal, deflagra de vez o ' rockongo', tornando-o reconhecido pelo público, e divulgando o folclore capixaba em shows por estados brasileiros e países do exterior.

   

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