Poeira, barulho de britadeira, trânsito lento, calçadas interditadas. Essa realidade – vivida por quem mora em Vila Velha ou tem que passar diariamente por duas das principais avenidas da cidade – também será vista de perto pelos turistas que vão curtir as praias do município neste verão. É que, nas avenidas Carlos Lindenberg e Champagnat –, as obras devem ser interrompidas ou avançar em ritmo lento durante o mês de dezembro para evitar prejuízos para o comércio.
Nos dois casos, o que ficar pendente deve ser retomado em janeiro. E o morador vai passar parte do verão – ou a estação inteira – convivendo com as obras.
No caso da Avenida Carlos Lindenberg, a segunda etapa está prestes a ser licitada, mas a previsão é de que só seja dada a ordem de serviço no início de dezembro, de acordo com o secretário de Infraestrutura, Projetos e Obras Especiais de Vila Velha, Zacarias Carraretto. Ainda que tudo corra como o previsto, ele ressalta que, para não prejudicar o movimento de fim de ano para o comércio, a empreiteira não deve iniciar o trabalho com a parte mais crítica da obra.
"Se tudo correr bem, e a ordem de serviço for dada no início de dezembro, o empreiteiro ainda vai se instalar e vai começar pelas partes periféricas da pista", afirmou o secretário. Ele acrescenta que o objetivo é não prejudicar os comerciantes, que já sofreram com a cidade cheia de obras em dezembro de 2008.
Na Avenida Champagnat, o secretário afirma que os operários estão trabalhando a todo vapor para entregar a obra até o fim de novembro, mas admite que existe a possibilidade de o prazo não ser mantido. "Caso não seja possível concluir as obras até o fim de novembro, vou dar uma geral, para não ter buraco e entulho, retiro os homens, e só voltaremos em janeiro. O objetivo é facilitar a vida dos transeuntes nas compras de Natal", justifica.
A obra começou em maio de 2008, foi reiniciada e reprogramada pela atual administração e ainda pode avançar por até dois meses de 2010. Questionado sobre a lentidão, o secretário afirmou que a reforma é complexa e que muitas intervenções foram necessárias. "Ficamos em negociação durante um bom tempo para conseguir a retirada de uma banca, na praça Duque de Caxias", cita. Nas três etapas, incluindo o que foi feito no ano passado, a obra deve custar R$ 17 milhões.
Loja improvisa degrau para cliente
Quem chega à porta da loja Magia do Sono, no cruzamento da Avenida Champagnat com a Rua Inácio Higino, em Vila Velha, depara com um degrau improvisado, feito com blocos de concreto embaixo do tapete da loja. Essa foi a forma encontrada pelos funcionários para facilitar o acesso dos clientes após a obra de reforma da Avenida Champagnat ter atingido a frente do estabelecimento, na última sexta-feira. "Ficou só um buraco aqui na frente. Pegamos os blocos para o cliente ter como entrar. A placa tivemos que cobrir, porque isso é caro. A gente paga imposto para colocá-la, e eles (os operários) estavam apoiando pá, carrinho, tudo ali. Vila Velha virou um queijo suíço. Por que tinham que fazer tudo ao mesmo tempo?" questiona a gerente da loja, Ana Cláudia Carvalho, 40 anos.
Poeira nas mercadorias e medo de prejuízo
Apreensão. É esse o sentimento dos comerciantes em relação à obra na Avenida Champagnat, na opinião de Antonio Carlos Minzoni, do gerente da Tecelagem Avenida que fica frente à Praça Duque de Caxias, no Centro de Vila Velha. O motivo é o tempo que a obra leva para ficar pronta e a proximidade do mês de maior movimento para o comércio: dezembro. "Estamos tendo prejuízo. Quem vai entrar numa loja com a frente desse jeito? Primeiro, abriram o asfalto para colocar a tubulação. Mal fecharam, e foi aberto de novo. Ontem nem placa tinha, as pessoas estavam caminhando na calçada no meio da obra. Espero que isso se resolva, porque passamos o ano esperando o Natal." Ele mostra a situação das camisas brancas nas araras próximas à porta da loja: cheias de poeira.
Reforma deve durar dois anos
Com previsão de ser entregue até o final do ano que vem, a reforma da Avenida Carlos Lindenberg já faz parte do cotidiano de quem passa sempre pelo local ou mora nos bairros próximos desde o início de 2008.
A revitalização demorou a acontecer até por conta da polêmica sobre a responsabilidade da reforma da avenida, que já foi rodovia estadual.
Depois que a obra começou, moradores reclamavam de má sinalização e dos riscos que a revitalização impunha a pedestres e motoristas. Até um carro chegou a cair dentro de um dos buracos abertos por conta da reforma, em agosto de 2008.
Em novembro do mesmo ano, nova paralisação. Desta vez, foram as chuvas que fizeram com que a reforma tivesse que ser adiada. Mesmo após os dias chuvosos, era difícil trafegar pela via, que no fim do mês chegou a ter quase 300 buracos em toda a sua extensão, segundo contagem feita por A GAZETA na época.
Agora, a Prefeitura de Vila Velha afirma que os dois trechos que ainda faltam serão feitos ao mesmo tempo e que o a primeira etapa, compreendida entre a Viação Alvorada e o cruzamento da avenida com a Rodovia Darly Santos, está na fase final e deve ser entregue até o fim deste mês, incluindo sinalização e canteiros.
CDL: em 2008, chuvas atrapalharam
Apesar de vários comerciantes estarem revoltados com a lentidão dos trabalhos e com o fato de a obra estar sendo feita em vários pontos da avenida ao mesmo tempo, a Câmara de Dirigentes Lojistas do município (CDL) diz estar acompanhando as reformas e afirma que a prefeitura está cumprindo o combinado com os comerciantes, apesar de o ritmo não ser o esperado.
"Eles garantiram que a obra não vai atrapalhar o comércio, como no ano passado. O lojista reclama, mas sabe que é preciso ser feito. O que atrapalhou a obra no ano passado foi a chuva", afirma o presidente da CDL, Hélcio Rezende Dias, em referência à Avenida Champagnat. Em relação à Avenida Carlos Lindenberg, ele acredita que a reforma da próxima etapa só deve começar depois de janeiro e que não há como não gerar transtorno. "Ela é o principal acesso a vários bairros, o trânsito não tem como ser desviado", argumenta.
A preocupação dos comerciantes em relação ao mau tempo tem motivo forte: em novembro do ano passado, a chuva castigou mais uma vez o município, que teve vários bairros cobertos pela água, além de deslizamentos de encostas. Na ocasião, muitas famílias ficaram desalojadas.
Fonte: Jornal AGazeta
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 17/10/2009 às: 06:43
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