Imagine uma pessoa com dificuldades de locomoção subindo a ladeira do Convento da Penha até chegar à capela? Diante das condições atuais de acessibilidade, o passeio torna-se quase um martírio. E é para dar às pessoas com deficiência a oportunidade ver as belezas do principal ponto turístico do Estado que o assunto está na pauta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e de políticos e entidades ligadas à preservação do Convento. Uma empresa deve ser contratada até o final do ano para elaborar um projeto que permita o acesso de qualquer pessoa ao lugar.
Um projeto básico está sendo distribuído entre entidades ligadas à preservação do patrimônio histórico para que seja discutido antes da contratação da empresa – o que deve acontecer por meio de licitação.
"Vamos ouvir as representações, as associações como os Amigos do Convento, para que seja um projeto construído a partir disso, sem prejudicar o patrimônio histórico e com todo o respeito e cuidado necessários", observou Thereza Carolina Frota de Abreu, superintendente do Iphan no Espírito Santo.
Escadas rolantes, plataformas sobre trilhos, elevadores, veículos adaptados, todas são possibilidades que serão discutidas, tendo a característica religiosa do monumento e a preservação do patrimônio como parâmetros.
Além das pessoas com dificuldade de locomoção, a proposta é também proporcionar a deficientes visuais ou auditivos formas de conhecer o patrimônio histórico.
"É o que se conhece por audiodescrição que, no Brasil, já existe em alguns museus e pontos turísticos de São Paulo, por exemplo. Também deve-se desenvolver mecanismos que facilitem o tato, e a instituição de Linguagem Brasileira de Sinais", detalhou o deputado Estadual Cláudio Vereza, que levou a demanda do projeto de acessibilidade do Convento da Penha ao Instituto.
O projeto básico será apresentado no próximo dia 30, na Casa Verde, no Convento da Penha. Para contratação da proposta, há uma verba de R$ 200 mil reservada, às custas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Mais de 40 anos sem visitar o santuário
Apesar de fazer parte de uma política do Iphan a idéia de levar a acessibilidade a monumentos e outros patrimônios, a iniciativa de inserir o Convento da Penha foi do deputado Estadual Cláudio Vereza, que vive a dificuldade de acesso ao santuário. Há 44 anos o parlamentar usa cadeira de rodas. Desde que passou a depender do equipamento para se locomover, em 1965, nunca mais visitou o Santuário. "Durante todo esse tempo, não consigo subir ao santuário principal da minha fé. Consigo chegar ao campinho. E essa é uma situação como a de muitos outros. Demandei a questão ao Iphan levando em conta que 14,5% da população têm alguma deficiência", justifica.
Fonte: Jornal AGazeta
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 21/10/2009 às: 05:24