Ele existe e poucos lembram disso até o período das chuvas. A preocupação da prefeitura e dos moradores de Vila Velha - além dos alagamentos - é com o dique do Rio Jucu. O temor da população é que a estrutura não suporte o volume d´água e inunde toda a cidade como aconteceu em 1960. Na última segunda-feira (2), a obra passou por mais uma prova. O Rio Jucu transbordou e atingiu o nível máximo de segurança: 3,10m. O resultado disso foi um trabalho de emergência por parte da prefeitura e Defesa Civil para conter a água.
Segundo o secretário de Defesa Social de Vila Velha, Ledir Porto, foi preciso fazer um trabalho de elevação da barreira em cerca de 70cm em um trecho de 1,5 quilômetros. O material utilizado é chamado de "escória fina", cerca de 300 caminhões do produto foram levados da região 5 para o trecho próximo ao entroncamento da Rodovia do Sol com a Darly Santos. A escória seria utilizada em aterros das ruas da região da Grande Terra Vermelha. Os problemas não param por aí. De acordo com Ledir Porto é preciso uma reforma o mais rápido possível do dique em toda sua extensão, cerca de 4 km, e essa obra ficaria em torno dos R$ 4 milhões. O que só seria possível, segundo ele, com uma parceria entre prefeitura, Governo do Estado, Cesan e empresas privadas.
Questionado sobre a segurança da população e se a barreira suportaria outro impacto desse porte, Ledir Porto afirmou que não há motivos para que a população se preocupe. As avaliações feitas pela Defesa Civil, mostram que o dique do Rio Jucu está seguro e que o nível da água desceu cerca de 50cm e tende a baixar mais, caso o tempo permaneça estável. Porém, alerta o secretário, caso aconteça um rompimento da barreira todo município seria atingido. A água chegaria até o Centro da cidade, ou seja, o nível de 3,10 metros de água do leito do Jucu tomaria conta de toda a área causando uma catástrofe.
Na tarde desta quarta, moradores das regiões próximas ao dique farão uma manifestação com o objetivo de chamar a atenção para o problema. Segundo a líder comunitária Vânia de Cássia Souza Ruas, às 14h, as comunidades do entorno seguirão para a entrada do dique e haverá um protesto para reivindicar providência para evitar os constantes alagamentos. De acordo com Vânia, a instalação de bombas potentes para o escoamento da água resolveriam em parte o problema. Ainda de acordo com ela, moradores devem entrar com um processo contra a prefeitura para receber o dinheiro gasto com as obras realizadas de recuperação por causa das chuvas.
Bairros que devem participam da manifestação: Coqueiral de Itaparica, Vila Nova, Pontal das Garças, Jardim Guaranhuns, Jardim Asteca, Araças e mais seis bairros.
Memória
Em março de 1960, Vila Velha sofreu uma das maiores enchentes da história, dentre as incontáveis que se registravam anualmente, com o transbordamento das águas do Rio Jucu. A mais famosa do que essa só a enchente centenária, ocorrida no ano de 1935. No entanto, a enchente de 1960 se destacou em relação à anterior porque as regiões afetadas com a subida das águas estavam mais povoadas, o que exigiu das autoridades imediatas providências para socorro dos flagelados.
Na época a Escola Vasco Coutinho suspendeu as atividades para alojar as vítimas da enchente. O então prefeito Tuffy Nader, decretou estado de calamidade pública. Do Convento da Penha era possível ver a extensão do alagamento, que seguia das partes altas do então loteamento da Praia da Costa, seguindo no sentido sul. Formou-se um imenso lago.
Fonte: GazetaOnline
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 04/11/2009 às: 15:57