O livro "Viagem de Pedro II ao Espírito Santo", de Levy Rocha, será apresentado nesta terça-feira(15), às 20h, no Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes). Considerado uma importante obra para o Estado, o livro estava esgotado desde os anos 80. A escolha do local foi proposital, já que está em andamento no Maes a exposição "Vistas do Brasil", em comemoração aos 200 anos da chegada da Família Real ao Brasil.

Serão mil exemplares de capa dura e outros 10 mil em brochura. Os livros estão disponíveis nas bibliotecas escolares, municipais e comunitárias do Estado, além dos projetos Biblioteca Transcol e Biblioteca Móvel. Em breve, o livro também poderá ser acessado no site do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APE-ES), no endereço www.ape.es.gov.br, e também no site da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) - www.secult.es.gov.br.

Sob coordenação editorial do historiador e professor Fernando Achiamé, o relançamento do livro "Viagem de Dom Pedro II ao Espírito Santo", é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), que desenvolvem em conjunto o programa "Leia Espírito Santo", que envolve o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas na promoção do livro, da leitura e da biblioteca.

3ª edição

A primeira edição do livro de Levy Rocha foi publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro do Rio de Janeiro em 1960. A segunda edição saiu pela Revista Continente, também do Rio de Janeiro, e Instituto Nacional do Livro (INL) / MEC, de Brasília, em 1980.

O autor teve acesso ao diário que o imperador escreveu durante os 15 dias - de 26 de janeiro e 9 de fevereiro de 1860 -, que passou no Espírito Santo. Levy Rocha encontrou manuscritos valiosos e inéditos no Arquivo do Museu Imperial, em Petrópolis. Uma caderneta de 15,5 x 9 cm, com 95 páginas contendo notas a lápis, alguns desenhos de Dom Pedro II, que referiam-se ao percurso de Aracaju (SE) ao Espírito Santo. Outra caderneta com as mesmas dimensões, com 70 páginas escritas a lápis e alguns desenhos, encerrava os apontamentos da parte final da viagem, de Vitória ao Rio de Janeiro.

No prefácio, o autor conta que as notas são "tão resumidas em certos pontos, que chegam a se tornar enigmáticas, numa letrinha por vezes ilegível. Devem ter sido rabiscadas até em cima do joelho, no precário equilíbrio de uma canoa, ou sobre o selim dos cavalos, sem a preocupação da forma literária". Para escrever um livro sem o aspecto de documento, o escritor alinhavou as anotações com as notícias dos jornais da época, intercaladas com comentários sobre a história.


Visual

A capa é a reprodução fotográfica do quadro a óleo de Dom Pedro II, obra do pintor português Antônio Cavalheiro d Almeida, de 1852, que pertence à Câmara Municipal de Itapemirim.

Nesta edição foram acrescentadas as fotos de Victor Frond, feitas pouco tempo depois que o imperador visitou a terra capixaba. A vinda do fotógrafo ao Estado em 1860 está ligada à visita de Dom Pedro II e da comitiva naquele mesmo ano.

Ao longo da obra foram reproduzidos, além dos ilustrativos desenhos de Dom Pedro II, retirados do Diário, retratos de Pedro Leão Velozo e Luis Pedreira do Couto Ferraz, presidentes da província do Estado do Espírito Santo, do príncipe Maximiliano de Habsburgo e do imperador em uniforme de almirante, desenhos de François Biard, de Levino Fânzeres, de Marcos Mendonça; xilogravura do atelier de Alfredo Pinheiro; bicos-de-pena de Quirino Campofiorito; e um quadro a óleo focalizando a fazenda do Pau d´Alho de Rio Novo.

Levy Rocha

O autor nasceu em 14 de março de 1916 no município de Muqui. Fez os primeiros estudos em São Felipe, depois Marapé, atual sede do município de Atílio Vivácqua, então um distrito de Cachoeiro de Itapemirim. Cursou o ginásio também no Espírito Santo - no Colégio Pedro Palácios, em Cachoeiro de Itapemirim. Freqüentou depois, em Vitória, a Faculdade de Farmácia e Odontologia, na época uma das poucas unidades de ensino superior do Estado.

Em meados dos anos de 1930, começou a fazer as primeiras colaborações literárias para a revista "Vida Capichaba", importante periódico de Vitória. Já formado, se mudou para o Rio de Janeiro e depois seguiu para Brasília, onde foi um dos pioneiros.

Para comemorar o centenário da viagem de Pedro II ao Espírito Santo, organizou o livro "Viagem de Pedro II ao Espírito Santo". Tendo colaborado de forma esporádica na imprensa de Cachoeiro de Itapemirim, Levy reuniu escritos históricos referentes à cidade e, numa homenagem ao centenário, publicou "Crônicas de Cachoeiro".

Em Brasília publicou um ensaio, "Os Vieira da Cunha e o Jornal O Martelo". Em 1977, editou outro livro, "De Vasco Coutinho aos Contemporâneos". Em seguida, antes de voltar para o Espírito Santo, publicou "Marapé".

Na Academia Espírito-santense de Letras foi o terceiro ocupante da cadeira número cinco.

Morreu em Vila Velha, em 16 de julho de 2004, deixando, inéditos, um livro de poesia e outro de contos. O amor pelo Espírito Santo está bem expresso nas inúmeras obras que escreveu.

Fonte: Gazeta Online