O cenário lembra um deserto isolado da cidade. Mas está ali, na periferia de Vila Velha. Em cima de um areal, cerca de 180 famílias ocupavam de forma irregular um terreno que pertence à Sociedade Imobiliária Hércules. A maioria das casas formadas por compensados foi construída no Loteamento Mangal, entre os bairros Morada da Barra e Barramares. Representantes da empresa entraram na Justiça com o pedido de desocupação da área. Oficiais levaram o mandado de desocupação, nesta quinta-feira (31), acompanhados por dois tratores, cerca de 40 policiais do Batalhão de Missões Especiais (BME) e a guarda montada da Polícia Militar para destruir todas as construções no local.
Após a tentativa dos moradores em conter a entrada dos tratores no Loteamento Mangal, o BME negociou que as casas que não tivessem moradores presentes seriam demolidas imediatamente e que às demais, seria dado o prazo de até as 18 horas para que fossem desmontadas e os pertences retirados. Em seguida, todas seriam demolidas.
O desempregado Ivanildo Ribeiro dos Santos, parado em frente à casa que construiu e onde mora atualmente, lamentou a ação da polícia. Ele diz que não tem para onde ir e que sente muita dor pelas famílias que têm que deixar o local. "Não tenho para onde ir. Vendo uma destruição dessa nem sei para onde vou. Desempregado, com duas crianças e com minha esposa, para onde vou levá-los? Eles querem colocar a gente em um caminhão e deixar-nos na praça, feito mendigos."
A imobiliária entrou com uma ação reivindicatória na Segunda Vara Cível de Vila Velha, e conseguiu uma liminar para que o local fosse desocupado. O mandado foi expedido no dia 3 de julho pelo juiz Cleanto Guimarães Siqueira.
O organizador do loteamento, Getúlio Araújo, de 38 anos, alegou que os oficiais de justiça fizeram a desocupação nos lotes não correspondentes aos ocupados pelos moradores do Loteamento Mangal e que os advogados dele vão tentar reverter a situação. "A gente vai provar que eles fizeram o serviço deles no lugar errado. Os nossos advogados vão fazê-los entender que eles fizeram a desapropriação em um local errado", afirmou revoltado.
Prefeitura diz que empresa é quem deve impedir
A Prefeitura de Vila Velha pediu, há algumas semanas, ao proprietário da área onde está o Loteamento Mangal, para frear a ocupação da região. Segundo o secretário de Meio Ambiente, Luiz Otávio de Carvalho, o pedido foi feito após servidores de sua secretaria e também os da Secretaria de Desenvolvimento Urbano identificarem a situação.
"Por ser uma área de propriedade particular, não podemos agir", disse o secretário Carvalho. Ele explicou que tão logo a prefeitura foi avisada sobre a invasão do terreno, decidiu encaminhar funcionários ao local com o objetivo de estudar o que poderia ser feito.
Mas Carvalho garante que a prefeitura não se limitou apenas a observar. Ela encaminhou um documento à Sociedade Imobiliária Hércules avisando sobre a ocupação, e comunicando que se a empresa não fizesse nada sobre o fato, judicialmente, poderia ser punida por qualquer crime ambiental cometido na região.
Fonte: GazetaOnline
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 31/07/2008 às: 20:30