A poucos metros da Rodovia do Sol, no bairro Jóckey, em Vila Velha, um cri me ambiental é repetido diariamente, independente do horário. A cena revela anos de extração ilegal de areia em terrenos que beiram a via. Em apenas 30 minutos, entre às 8h e 8h30 da última quarta-feira, a equipe flagrou cerca de dez carroceiros com a carroça lotada.
O crime ambiental acontece logo depois do prédio da Embratel, nos primeiros terrenos murados, onde carroceiros entram sem grandes complicações. A área total abrange quase oito quarteirões.
Ao olhar de cima, a sensação é de que os terrenos viraram verdadeiros labirintos. Quase não dá para ver o carroceiro no meio de tanta escavação. Segundo moradores da região, o grupo que atua no bairro chega a oferecer R$ 40 a motoristas de escavadeiras (de obras próximas) para que abram corredores para facilitar o trabalho e retirem a areia, jogando nas carroças.
Outra marca da degradação são os montes de areia espalhados pelas ruas do bairro, principalmente, nas transversais ao terreno, de onde todo o material é retirado. A impressão é que cada carroceiro tem um local para deixar o material
Geralmente, os caminhões que buscam o produto, chegam, principalmente, até às 10 horas. Tanto que o movimento dos carroceiros é grande logo cedo, ou, na parte da noite, até as 2 horas.
Mas os moradores já se cansaram de denunciar. “Do que adianta? Para eles não existe cadeia. Tem é para nós, que ficamos presos dentro de casa, com portas e janelas fechadas”, desabafa uma das vizinhas. “As pás que eles carregam para tirar areia, também podem servir como arma”, alerta outro morador, precavido.
E o pior é que a previsão para o fim dessa extração está longe. O Instituto do Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) defende que só atua com ajuda da polícia, que afirma fiscalizar sempre o local, realizando prisões constantes. “O número de carroceiros aumenta por conta da impunidade. Eles são bem violentos”, reclama outra moradora.
Estado só atua com polícia
Até os fiscais do Instituto do Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) foram ameaçados de morte pelos carroceiros, que continuam extraindo areia de terrenos particulares do bairro Jóckey, em Vila Velha, de forma ilegal. E, afirmam que só podem agir, se tiverem ajuda da Polícia Ambiental.
Segundo a assessoria de imprensa do órgão, os policiais já realizaram uma fiscalização no local e descobriram que os responsáveis por toda a ilegalidade são apenas os carroceiros.
A partir da constatação, o Iema enviou um ofício, pedindo que a polícia aplicasse as punições cabíveis aos responsáveis, por cometerem crime ambiental e, também, por explorarem o bem da União (o solo).
O órgão disse ainda que os donos dos terrenos também podem ser punidos por crime ambiental, caso não murem as áreas e não entrem na Justiça contra a invasão de propriedade privada.
Conscientização para carroceiro
Na próxima semana, cinco secretarias de Vila Velha prometem se reunir para discutir a extração ilegal de areia em todo o município. A intenção é atuar, primeiro, com um trabalho de conscientização, para, depois, acionar o Estado e punir quem continuar com a ação.
Será um trabalho em conjuntos das secretarias de Meio Ambiente, Obras, Saúde, Serviços Urbanos e Finanças. “A participação delas é fundamental, visto que identificamos que donos de materiais de construção dos bairros Jóckey, Novo México, Barra do Jucu e da Grande Terra Vermelha estão comprando essa areia. Vamos mostrar a eles o risco desse comércio“, disse o secretário de Meio Ambiente Luiz Otávio de Carvalho.
A informação contradiz o que a Polícia Ambiental informou Instituto de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), dando como responsáveis somente os carroceiros.
Moradores registram queixa
A Polícia Militar afirmou, ontem, por intermédio da assessoria de imprensa, que a Polícia Ambiental vem realizando fiscalizações constantes na região do bairro Jó ckey, em Vila Velha. Informou ainda que várias ocorrências, que envolvem a retirada ilegal de areia na região, foram registradas na 1ª Companhia da PM, mas o órgão não informou a quantidade nem o período que foram feitas.
A corporação confirmou o ofício encaminhado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), no mês passado, pedindo punição para os responsáveis pela extração ilegal.
Disse, ainda, que os carroceiros foram detidos e os animais, usados no trabalho, encaminhados ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). As denúncias podem ser feitas pelos telefones 190 ou 3336-4515.
Fonte: Jornal AGazeta
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 02/08/2008 às: 19:28
|