Carros e motos nas calçadas. Pedestres sem espaço para transitar. Essa situação é muito comum em alguns bairros de Vila Velha onde calçada virou sinônimo de estacionamento e o pedestre ficou sem saber por onde passar. Para minimizar o problema, uma série de multas são aplicadas para quem infringir as leis de trânsito. Nos primeiros seis meses deste ano, a Junta Administrativa de Recursos de Infração (Jari), da prefeitura de Vila Velha, aplicou um total de 3.484 multas contra 5.696 aplicadas em todo o ano passado no município.
A proporção é um reflexo da má educação das pessoas no trânsito, como afirma o Secretário de Serviços Urbanos de Vila Velha, Romário de Castro. "Eu acho que trânsito e o respeito à sinalização é uma questão de cultura. As pessoas desobedecem às leis não só no município de Vila Velha e no Espírito Santo, mas no Brasil em geral", diz.
No ranking de 2008, feito pelo Jarí, o maior número de multas foi para motorista que estacionam em desacordo com a regulamentação. Em segundo lugar para o motorista que fala ao celular ao dirigir; em terceiro, para quem estaciona em local e horário especificamente proibidos pela sinalização; em quarto lugar quem avança o sinal vermelho; e em quinto, motoristas que estacionam no passeio, sobre a faixa de pedestres, na grama e em canteiros centrais.
A solução para mudar este quadro, para o secretário, é fazer campanhas de tolerância zero para as infrações de trânsito e mexer no bolso dos motoristas. "Nenhuma cidade e nenhum lugar no Espírito Santo e no Brasil tem agentes de trânsitos que podem estar em cada ponto que as pessoas estejam cometendo essas irregularidades. Acho que nós temos que ter tolerância zero também para os infratores que avançam o sinal, para os que param em cima da calçada, proibindo a mobilidade das pessoas, dos deficientes, dos idosos, a gente tem que avançar na tolerância zero para todos aqueles que querem infringir os regulamentos e as leis que são estabelecidas nesse país. As pessoas não se importam muito, mas no momento que começa a pagar uma notificação dói no bolso e quando isso acontece, eles começam a pensar se vale à pena cometer essas irregularidades", declara o secretário.
O secretário afirma que tem percebido que as pessoas insistem em agir na irregularidade e embora não queira criar uma fábrica de multas no município de Vila Velha, sente que as pessoas abusam da autoridade do agente como também do direito do cidadão.
Os motoristas, no entanto, estão indignados com as multas. O engenheiro Franklin Pereira, de 62 anos, mora há 33 anos em Vila Velha e acha que o município está sobrecarregado com o número de veículo que não tem onde estacionar e que isso deveria ter sido previsto pelas autoridades. "As pessoas deixam acontecer primeiro para depois pensar em uma solução. Estão a reboque dos problemas, ninguém se antecipa, deixam virar um caos, para depois tentar uma solução. A solução vem por meio de punição, o que é um erro, a gente não pode ser culpado por uma falta de planejamento estratégico", diz o engenheiro.
O comerciante Maurício da Silva Alves, de 51 anos, nunca estacionou na calçada e tem consciência de que os pedestres merecem mais respeito. "Eu nunca estacionei e acho que ninguém deve estacionar porque em primeiro lugar a gente tem que respeitar o direito das pessoas e o pedestre tem a preferência. A gente vê que hoje muitas calçadas de Vila Velha são ocupadas por carros indevidamente e eu acho que a Justiça não faz nada com isso, não coíbe e não corrige esse tipo de problema que nós temos hoje. Se a pessoa não tem um lugar para estacionar o carro, que vá de ônibus, de carona, mas eu acho que ele não deve invadir o direito do outro", conta indignado.
Os pedestres e motoristas podem ajudar na fiscalização fazendo ligações para a Central de Trânsito no telefone 3185-5721. As multas por infrações no trânsito podem variar de R$85,00 reais à quase R$1mil.
Fonte: GazetaOnline
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 15/08/2008 às: 19:29