O número de pessoas vítimas de intoxicação no Estado assusta. Só em 2007, o Centro de Atendimento Toxicológico da Secretaria Estadual de Saúde (Toxcen) registrou aproximadamente oito mil casos. E esse índice pode ser ainda maior, já que boa parte dos intoxicados não notifica o Toxcen. Os medicamentos estão na ponta da estatística e respondem por 32% dos casos. Em segundo lugar, estão os agrotóxicos de uso agrícola e doméstico com 14%, seguido das drogas de abuso (álcool, cocaína entre outros) com 11,2% e picadas de animais peçonhentos com 8,2%. O restante tem outras causas variadas.

A médica coordenadora do Centro de Atendimento, Sony Itho, faz um alerta. Nesse universo de pessoas intoxicadas, crianças na faixa etária de 01 à 10 anos de idade correspondem a 30% dos casos. Índice considerado alto pela médica. A causa está numa característica comum de crianças com essas idades: a curiosidade. Experimentar um xampu pelo cheiro bom que tem, um desinfetante pela cor ou até mesmo uma simples pasta de dente sabor tutti-frutti pode trazer graves complicações dependendo da quantidade ingerida.

Sony Itho, que é pediatra, sempre dá a seguinte orientação aos pais: criança quieta e calada dentro de casa é sinal de travessura. Por esse motivo, elas não devem ficar longe da vista de quem está cuidando, principalmente, aquelas que ficam com empregadas domésticas que sempre tem outras atividades dentro da casa para fazer.

"Os pais devem ter a atenção redobrada. As crianças de um a 4 anos são as principais vítimas. Nessa idade eles querem colocar tudo na boca, não sabem ler e são muito afoitas. É aquela fase da desobediência onde a mãe fala para não pegar e ela vai e pega. Os pais não são os culpados. Muitas vezes eles não conhecem a capacidade que certos produtos têm de intoxicação. A oferta é muito grande. O que tem no mercado de medicamento sabor morango, maça verde, uva entre outros não é brincadeira. Alguns agradam o paladar da criança e se bobear, na primeira oportunidade ela vai tomar esse remédio como se fosse um suquinho. Nesse caso a intoxicação é certa", explica a médica.

Animais

Um outro tipo de intoxicação que chama a atenção é por animais peçonhentos como os escorpiões. A maioria dos registros era do interior do Estado, no entanto, atualmente, as áreas rurais de Vila Velha, Cariacica e Serra têm gerado números consideráveis. Em qualquer um dos casos, a automedicação nunca deve ser adotada. Nem mesmo aquela receita antiga de tomar um copo de leite. A primeira providência é procurar um médico sempre, avisa a coordenadora.

Em caso de intoxicação, seja em adulto ou criança, a vítima pode ser encaminhada ao Hospital Infantil de Vitória onde localiza-se o Toxcen. Nele há todo tipo de antídoto que deve ser aplicado caso a caso. O Centro de Atendimento Toxicológico comemora nesta semana 16 anos de atuação. Durante esses anos foram realizados mais de 43 mil atendimentos. O Centro ainda disponibiliza um telefone para qualquer tipo de atendimento sobre intoxicação: 0800 283 9904.

Fonte: GazetaOnline