Em cidades litorâneas, o consumo de ostra é um hábito comum. Conhecida como um filtro d‘água natural, é preciso cuidados redobrados na hora de comer uma delas.
A boa notícia é que uma pesquisa realizada por alunos e professores do curso de Medicina Veterinária da UVV comprovou que, pelo menos em Vila Velha, o consumo está aprovado. As ostras que circulam na cidade são de qualidade.
"A partir do cheiro, a gente consegue ver se a ostra está própria ou não para comer", diz o pesquisador Marcus Alexandre Vaillant Beltrame.
O estudo verificou a qualidade microbiológica do alimento vendido na cidade. Segundo Beltrame, devido ao hábito de consumo in natura (crua) ou mal cozida, as ostras são responsáveis por surtos epidemiológicos, uma vez que podem ser capturadas em ambientes com má qualidade sanitária ou serem manipulação e limpas de foram inadequada.
"Esse trabalho teve o objetivo de avaliar a qualidade microbiológica de 16 amostras de ostras comercializadas in natura no município de Vila Velha. Felizmente, concluimos que o consumo dessas ostras não apresentavam risco potencial à saúde da população", confirma o pesquisador.
Cuidados
Mesmo assim, ter atenção com a procedência da ostra. "Se estiver contaminada, não dá para saber a olho nu. Por isso, descobrir a origem, saber se vem de fonte segura e de locais onde a água não tem contaminação é fundamental", explica Beltrame.
O pesquisador acrescenta que, como biofiltradores, as ostras acabam ingerindo microorganismos, metais pesados e produtos químicos que podem ser agentes de contaminação.
"Se a ostra vier de locais próximos a portos, centros de extração de petróleo e zonas urbanas, a chance de haver contaminação é grande", alerta. E não só a origem conta. "A iguaria pode ser contaminada no trajeto, até o momento da comercialização, quando chega na boca do consumidor", avisa.
Por isso, o ideal é que a ostra fique armazenada em um cesto refrigerado. "O alimento não pode ficar pegando sol o dia inteiro. Tem que ficar resfriado". Outra coisa: a concha deve ser bem lavada e escovada. "A sujeira externa também pode contaminar o alimento", completa o Beltrame.
Crianças podem desenvolver alergia
A ostra é um alimento rico em proteínas, por isso as pessoas devem ter cuidado com o surgimento de alergias. "O ideal é evitar oferecer esse tipo de alimento a crianças para que elas não desenvolvam alergia a mariscos e frutos do mar no futuro", explica a nutricionista e especialista em saúde pública, Giovana Guerra. Segundo ela, idosos, crianças, gestantes e pessoas com baixa imunidade também devem evitar este tipo de alimento, pois o risco à infecção é maior. "Vale lembrar que a ostra contaminada não tem cheiro, gosto e cor diferenciados da que não está contaminada. Nem a fervura e nem o famoso limão que é jogado por cima na hora de comer, conseguem matar as bactérias que ela pode possuir", completa.
Saúde em dia
Condições ideais de conservação
Conservação. O ideal é que as ostras sejam comercializadas o quanto antes, embora resistam até sete dias após captura.
Origem. Verificar a origem dos moluscos (saber se são cultivados em regiões com nenhuma ou pouca contaminação ambiental).
Condições. As ostras devem estar bem fechadas, para evitar contaminações pós captura e armazenadas em recipiente com resfriamento, evitando a exposição direta ao sol.
Vendedor. Observar as condições higiênicas dos comerciantes/manipuladores (roupas limpas, uso de luvas, evitar adornos, unhas aparadas e limpas). Observar o método aplicado para abertura das ostras: a superfície externa das conchas devem apresentar-se limpas (escovadas) para que, no momento da abertura, não sirvam de fonte de contaminação do alimento.
Antes de comer. Lavar as mãos imediatamente antes de abrir as ostras.
A fiscalização: Risco dos ambulantes
"A maior dificuldade na hora de fiscalizar a comercialização de ostras na cidade é junto aos vendedores ambulantes. É complicado fiscalizar, porque essas pessoas normalmente vendem em cestinhas na praia, sob o sol. Com os restaurantes, bares e quiosques, a gente tem um controle direto e maior. Mas no caso dos vendedores ambulantes, a população tem que ajudar nessa vistoria, procurando se informar sobre o produto. Se o consumidor tiver dúvidas em relação à procedência da ostra, é melhor não consumir. Não queremos atrapalhar o trabalho de ninguém, mas a ostra é um bom meio de cultura, e muitas bactérias podem proliferar através dela.
Márcia Andriolo Secretária de Saúde de Vila Velha
Fonte: Jornal AGazeta
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 31/08/2008 às: 17:27