A partir do próximo dia 19, 64 escolas de ensino fundamental e/ou médio do Estado vão receber um sistema eletrônico de controle do acesso de alunos, educadores, funcionários e visitantes às instituições, todas da Grande Vitória.
Cada uma das escolas selecionadas vai receber uma câmera, um monitor, um interfone e uma fechadura eletrônica. O kit de equipamentos custa R$ 6,5 mil cada um, contando o que será gasto com a instalação.
?Será entregue para cada escola uma lista com os nomes dos equipamentos sugeridos, a orientação de como eles devem ser instalados, um modelo de como tudo vai funcionar e opções de empresas, que podem realizar a instalação?, explica Wilson Athaydes, gerente de serviços terceirizados.
Cada conselho de escola, segundo ele, vai definir como o dinheiro será gasto. ?E o Estado vai passar, depois, para conferir como foi gasto, e se o equipamento está funcionando?, relata. As escolas têm até o final do ano para resolver tudo.
?O objetivo desse equipamento não é barrar ou dificultar o acesso à unidade, mas fiscalizar melhor quem circula na instituição?, defende o diretor do Colégio Estadual, Eliotério Quintanelo.
?Esse trabalho é para prevenir a violência?, alerta Walace Bonicenha, diretor da escola Gomes Cardin. Segundo ele, esse é o primeiro passo para um grupo de ações que vão beneficiar às escolas e seus usuários.
Está prevista, dentro do Plano Articulado de Segurança Escolar, apresentada em julho deste ano, a inclusão de catracas nas escolas, alarmes e mais câmeras. No começo, 65 instituições da Região Metropolitana ? que atendem a 67 mil alunos e 50% das matrículas locais ? serão beneficiadas.
Elas concentram 79% das ocorrências registradas em instituições de todo Estado. Apenas uma das 65 não vai receber o novo equipamento de monitoramento de acesso.
As demais ações de segurança escolar serão implantados até o final de 2009, podendo alcançar, até 2011, 400 escolas em áreas urbanas do Estado. Ao todo, serão investidos R$ 20 milhões.
Violência preocupa professores
Segurança é uma das reivindicações mais cobradas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes). Tanto que uma das campanhas da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) trata, exatamente, da violência nas escolas.
?São anos de reivindicações. Há instituições em que o professor tem medo de trabalhar por conta da violência?, conta a diretora-administrativa, Madalena Alcântara. Mas ela avalia a ação do Estado, como um primeiro passo importante para mudar esse quadro.
?Já ajuda a oferecer uma sensação melhor de segurança. O controle de acesso é de extrema importância, mas precisamos de mais medidas para coibir a violência?, contesta. Entre elas, estão a inclusão de catracas, o serviço de crachás e o videomonitoramento de outras partes da escola (não só do portão principal).
?Porém, o Estado não pode se esquecer de que ele tem a função a primordial de cuidar de toda a sociedade. A violência na escola é a mesma que está nas ruas. Uma ação não consegue se isolar da outra apenas com tecnologia. É preciso mais que isso?, avalia Madalena.
Teste reprova nível de segurança
Enquanto a tecnologia de monitoramento não chega às escolas estaduais, os portões das unidades ficam abertos para a violência. Boa parte dos crimes é realizada por alunos ou bandidos, que entram com armas e drogas. A reportagem fez um roteiro de escolas estaduais com históricos negativos, e, logo nas primeiras visitas, duas já foram reprovadas.
Sem identificação, a reportagem entrou facilmente na Alzira Ramos, em Cariacica, e circulou por corredores e refeitórios. Na portaria, não havia segurança, e nenhum funcionário questionou o ingresso de nossa equipe. Do lado de fora, um barracão serve de escada para alunos e bandidos pularem o muro. Nesse local, um adolescente com mochila e cadernos foi flagrado, fumando um cigarro.
Em maio deste ano, esse tipo de liberdade causou uma tentativa de homicídio. A diretora da escola Estadual José Moysés, também em Cariacica, foi baleada com dois tiros na frente de alunos. Quatro meses depois, a reportagem retornou ao local e pôde ver que nada mudou. Muros baixos permitem o acesso de qualquer pessoa.
?A segurança não pega ninguém que entra para vender drogas, fazer ameaças?, relatou uma senhora que não quis se identificar. As duas escolas que apresentaram falhas na seguranças estão na listas das beneficiadas pelo Programa ?Segurança Escolar?.
Colégios de Cariacica vão receber crachás
Deve ser definida hoje qual a empresa vencedora da licitação que fará o cadastramento de professores, alunos e funcionários de 11 escolas de Cariacica. Elas foram escolhidas para receber o sistema de identificação por crachá de todos que têm acesso diário às instituições. Em uma segunda etapa, serão incluídas no projeto catracas para acesso dessas pessoas, permitindo, apenas, com o uso desses objetos. ?Aos visitantes, será feito um livro de registro ou algo parecido para que tenham permissão de entrar na escola, após fornecimento de dados pessoais?, informou o gerente de serviços terceirizados da Secretaria de Estado de Educação (Sedu), Wilson Atahydes.
Monitoramento feito com 38 câmeras
Depois da reforma, foram implantadas 38 câmeras no Colégio Estadual, todas interligadas num sistema de monitoramento. Dezesseis delas, monitoram a parte externa da unidade. ?Até o ponto de ônibus, a gente observa?, conta o diretor Eliotério Quinelato. Mas, mesmo depois de receber os equipamentos, ela ainda não conta com trava eletrônica no portão nem interfone.
Buracos como escada para pular muro
Em Vila Velha, no bairro Boa Vista I, antes da instalação dos equipamentos, os alunos da escola Professor Geraldo Costa Alves criaram um atalho para chegar à sala de aula. Buracos foram feitos no muro e servem como escada para estudantes pularem a barreira. ?Estamos esperando o orçamento do Estado para corrigir isso?, disse a diretora Nilda Duarte Teixeira. Para completar, a escola é uma das poucas que ainda não têm vigilante.
Análise
Erly dos Anjos Sociólogo e professor da Ufes
?Deve-se entender melhor a violência. Bloquear o portão de acesso à escola pode coibir ações e forçar àqueles que estão sujeitos a cometer algum ato violento a criar um outro acesso à instituição, abrindo brecha para a violência. E essa tecnologia a favor da segurança pessoal pode provocar distanciamento entre a comunidade e a escola. Sentimento social da escola como espaço de convivência deve ser fortalecido.?
Segurança nas Escolas
Conheça algumas ações do Plano Articulado de Segurança Escolar, que será implantado em 65 escolas
Câmeras
O Sistema Integrado de Segurança, composto por videomonitoramento remoto, alarmes e catracas, será instalado, inicialmente, em 20 escolas, consideradas críticas, no ano que vem. Entre as câmeras, algumas têm capacidade de exibir imagens em ângulos de 360 graus
Crachá
Os alunos de 11 escolas de Cariacica serão os primeiros a receber os crachás com informações, como nome, escola e série. Professores e demais servidores também terão crachás. Até o fim deste ano, todas as 64 escolas estarão usando o material de identificação. As catracas serão instaladas nas escolas que receberem os objetos
Grades
Os muros da frente das 20 escolas, em situação mais crítica de segurança, serão substituídos por grades até o início do ano que vem
Iluminação
As mesmas 20 escolas vão receber iluminação, com sistema de porteamento (iluminando dentro e fora dos pátios) até início do ano que vem
Proteção
Policiais militares da ativa vão fazer o policiamento nos horários de entrada e de saída dos alunos, e em horários não-divulgados. Eles serão da comunidade, onde fica a escola
Crimes
Assassinato. Um professor foi assassinado a tiros saindo da Escola Tancredo Neves, em Areinha, Viana.
Afastamento. Na Escola Luiz Aliate, em José de Anchieta, uma professora se afastou porque foi ameaçada.
Arma. Uma outra professora chegou a ter uma arma apontada para a cabeça, em Caratoíra, Vitória.
Fogo. Na Escola Aurenília Pimentel, em Novo Horizonte, Serra, uma aluna de 18 anos tentou atear fogo na amiga.
Ameaça. Um homem armado entrou na Escola Fernando Duarte Rabelo, na Praia de Santa Helena, em Vitória, e ameaçou três alunos.
Escolas atendidas
Abaixo, as instituições que vão receber serviços de portão eletrônico, com câmera de segurança, monitoramento e interfone. Custo de R$ 6,5 mil para cada uma
Cariacica
1. Tiradentes
2. Presidente Castelo Branco
3. Mariano Firme de Souza
4. Maracanã
5. Dr. José Moysés
6. Prof. José Leão Nunes
7. Alzira Ramos
8. São João Batista
9. Hunney Everest Piovesan
10. Profª. Maria Penedo
11. João Crisóstomo Belesa
12. Gladston Regis Barbosa
13. Celestino de Almeida
14. Ventino da Costa Brandão
15. Antônio Esteves
16. Saturnino Rangel Mauro
17. Eulália Moreira
18. Rosa Maria dos Reis
19. Itagiba Escobar
20. Ana L. Balestrero
21. Zaira Manhães de Andrade
Guarapari
22. Dr. Silva Melo
23. Zenóbia Leão
Serra
24. Prof. João Antunes das Dores
25. Marinete de Souza Lira
26. Mestre Álvaro
27. Profª. Hilda Miranda Nascimento
28. Aristóbulo Barbosa Leão
29. Jones José do Nascimento
30. Manoel Lopes
31. Profª. Maria José Zouain de Miranda
32. Carapebus
33. Francisca Peixoto Miguel
34. Profª. Maria Olinda de O. Menezes
35. Jacaraípe
36. Campinho
37. D. João Batista da M. Albuquerque
38. Belmiro Teixeira Pimenta
39. Iracema Conceição Silva
Viana
40. Nelson Vieira Pimentel
41. Maria de Novaes Pinheiro
42. Irmã Dulce Lopes
Vila Velha
43. Adolfina Zamprogno
44. P. Humberto Piacente
45. Mario Gurgel
46. Benício Gonçalves
47. Ormanda Gonçalves
48. Francelina Carneiro Setúbal
49. Luiz Manoel Velloso
50. Assisolina Assis Andrade
51. Catharina Chequer
52. Dr. Francisco Freitas Lima
53. Prof. Geraldo Costa Alves
54. Agenor de Souza Lé
55. Prof. Agenor Roris
Vitória
56. Aflordizio Carvalho da Silva
57. Elza Lemos Andreatta
58. Arnulpho Mattos
59. Colégio Estadual do Espírito Santo
60. Gomes Cardin
61. Des. Carlos Xavier Paes Barreto
62. Maria Ericina Santos
63. Prof. Fernando Duarte Rabelo
64. Almirante Barroso
Fonte: Jornal AGazeta
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 02/09/2008 às: 08:01
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