Após 28 horas de combate, o Corpo de Bombeiros conseguiu debelar, por volta das 16 horas, os principais focos do incêndio que destrói o Parque Estadual Paulo César Vinha, em Setiba, Guarapari. Cerca de 450 hectares foram atingidos, o que equivale a 30% da área total da reserva, estimam os técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema).

O tempo seco e os ventos constantes, com velocidades oscilando entre 10 e 13 quilômetros horários, dificultaram o trabalho. Um helicóptero da PM despejou água de um cesto (bambi-bucket) em alguns pontos, mas sem grande sucesso. Como operações noturnas de combate ao fogo em florestas são arriscadas, os bombeiros optaram por monitorar a área a fim de agir logo pela manhã. " É um terreno difícil. A mata de restinga ressecada como essa queima rápido", comentou o major Bruno Riga.

Cerca de 90 homens participaram da operação. Apesar dos 85 mil litros de água bombeados de quatro carros-pipas, a principal ferramenta para extinguir as chamas foram pás abafadoras, facões e enxadas para abrir picadas na mata. A fumaça era tanta que os motoristas tiveram que acender os faróis nas proximidades do km 34 da Rodosol, onde as chamas estavam mais próximas da via, no sentido Vila Velha. Uma pista ficou interditada desde o dia anterior.

No final da tarde começou uma operação de controle para que os incêndios localizados não voltassem a se propagar. Bombeiros e fiscais vão monitorar o parque por dias seguidos, anunciou o comandante da corporação, coronel Frônzio Calheira Mota. Uma das preocupações é isolar o trecho mais próximo do mar, onde a maioria dos animais buscou abrigo.

As investigações para descobrir se houve motivação criminosa devem começar ainda nesta semana. O coordenador de fiscalização da unidade, Rogério Rodrigues, afirmou que um denúncia anônima foi feita um dia antes. O fogo começou dentro perto do limite norte da reserva e avançou para o sul. Caso o vento mudasse, o bairro de Recanto da Sereia poderia ter sido atingido.

Trecho atingido era o mais preservado
Os 450 hectares de mata de restinga atingidos eram os mais preservados do Parque Paulo César Vinha. A constatação é da coordenadora de áreas protegidas do Iema, Rita Mendes. O prazo para recuperação completa da flora e fauna pode demorar entre 20 e 25 anos. Os pontos mais críticos são os de mata alta, com árvores frondosas que cresceram em trechos mais elevados. "Nos alagados, a recuperação será mais rápida", diz. Insetos, anfíbios e répteis foram os mais afetados. "Eles são a base da cadeia alimentar. Sem eles os animais maiores não vivem", lamenta. Uma avaliação dos danos irá determinar se a recuperação vai ocorrer de modo natural ou se vai ser preciso técnicas de manejo.

Incêndio também em Venda Nova
O município de Venda Nova do Imigrante, na região Serrana do Estado, também está com focos de incêndio numa reserva florestal, desde a tarde de domingo. A informação dada pelo coordenador de Fiscalização do Parque Paulo César Vinha, Rogério Rodrigues, é de que a mesma brigada que está no parque será direcionada para Venda Nova para combater o incêndio de lá. Ainda não há informações sobre a área atingida.

Um balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros relata que, durante o último fim de semana, a corporação atendeu a 47 ocorrências de incêndio florestal em todo o Estado, com destaques para os incêndios que ocorreram no Morro da Fonte Grande, em Vitória, e no Parque de Jacarenema, em Vila Velha.

De janeiro a agosto de 2007, foram atendidas 495 ocorrências de queimada em vegetação na região da Grande Vitória. Em 2008, no mesmo período, foram registrados 608 incêndios. Um aumento de cerca de 22%.

De janeiro a maio, foram 154 incêndios, mas, no período de junho a agosto, a incidência de fogo em florestas triplicou em função da diminuição das chuvas e da baixa umidade do ar.

28 horas
Esse foi o tempo que durou o incêndio no Parque Estadual Paulo César Vinhas, em Guarapari, destruindo 450 hectares. Várias espécies animais também estão ameaçadas.

Destruição
450 hectares

Cerca de 450 campos de futebol é o tamanho estimado da área afetada pelo fogo no Parque Estadual Paulo César Vinha.

Fonte: Jornal AGazeta