O controle de acesso nos terminais do Transcol ficará mais rigoroso a partir do próximo ano quando as obras de reforma e ampliações dos terminais de Vila velha, Carapina e Itacibá forem concluídas. O reforço na vigilância faz parte do projeto de arquitetura e urbanização com prazo de 120 dias para ficar pronto e dar partida para as obras que serão realizadas em 2008. A área física ficará maior para contemplar o aumento no número de ônibus que atendem os 160 mil passageiros das três unidades.
O projeto também contempla mudanças na circulação e organização das filas, que será diferenciada. Novas baias para veículos, espaço para futuras linhas, banheiros, fraldários, calçadas, novo piso, iluminação e guaritas de controle vão beneficiar moradores de mais de 77 bairros da Grande Vitória. Instalações hidrossanitárias e sistema de drenagem também fazem parte das ações, juntamente com as novas baias de linhas alimentadoras.
Em Itacibá, a prioridade é um sistema de drenagem que será realizado para conter os alagamentos em dia de chuva. Em Vila Velha, além da reforma, o terminal vai ficar mais livre. Várias linhas serão transferidas após a inauguração do terminal de Itaparica, principalmente as que atendem as regiões de Terra Vermelha, Araçás e Itaparica.
A assessoria da Ceturb informou que a estrutura dos terminais não acompanhou o crescimento do volume de usuários, por isso a necessidade da reforma. Em Carapina, por exemplo, a idéia é praticamente dobrar a área geral que hoje é de 11.440 m2 e criar uma ligação com o Terminal de Jacaraípe.
Portadores de Deficiência
As mudanças também beneficiam cadeirantes e deficientes visuais que contarão com mais seis ônibus adaptados em linhas do Sistema Transcol. Nesta quinta-feira (11) três coletivos articulados - conhecidos como minhocões - da linha 500 já começaram a circular e mais três que fazem a linha 503, estarão disponíveis nos terminais a partir da próxima segunda-feira (12). Para testar os novos veículos, a reportagem acompanhou o deficiente visual, Everaldo Cabral Ferraz , com o cão-guia, em duas viagens: uma realizada dentro de um ônibus adaptado e outra em um coletivo comum (assista ao vídeo).
Desde fevereiro desde ano, a Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb) colocou em circulação 157 ônibus adaptados. Cada veículo possui elevador para cadeirantes e espaço interno para receber um deficiente físico com acompanhante e um deficiente visual com cão-guia. Everaldo Ferraz é o único dono de cão-guia em todo o Estado e de acordo com ele, o preconceito contra o cão dentro de coletivos e alguns espaços públicos ainda é enorme.
"Os passageiros se assustam com o porte do cachorro, eles não sabem que o cão-guia foi treinado e que não irá agredir em hipótese alguma quem quer que seja. Quando o veículo está cheio, os passageiros pisam na pata do cachorro, empurram. Isso sem contar com as pessoas despreparadas, que reclamam da presença de um animal no veículo", lamenta.
Retaliações
O preconceito é diário, segundo Everaldo. Ele demorou dois anos para receber o cão labrador - que tem o nome Eros - de uma organização não governamental de Brasília. O deficiente visual garante que conhece várias pessoas que gostariam de ter um cão-guia, mas ficam com medo de sofrer retaliações. A reportagem acompanhou Everaldo e o cão em duas viagens diferentes de ônibus: uma dentro de um coletivo adaptado e outra em um veículo de transporte comum.
O percurso de Everaldo e do cão-guia começou no Terminal de Vila Velha. O cachorro enorme chamou a atenção dos usuários, que ora demonstraram medo, ora tiveram apego pelo animal, mas o fato é que todos estranharam a presença do cão. Os dois entraram em um ônibus adaptado com destino a Cariacica. Dentro do coletivo, o cão encontrou rapidamente o lugar reservado para o dono e o espaço foi suficiente para ambos. As pessoas que entravam no coletivo tinham espaço suficiente para passar no corredor e não se incomodaram com o cão, que ficou durante toda a viagem muito tranqüilo perto de Everaldo.
Alguns passageiros ficaram curiosos e fizeram até perguntas sobre o cachorro. O deficiente visual aprovou o novo transporte. "O espaço é muito bom realmente e o meu cão não precisa ser machucado, como muitas vezes acontece nos outros ônibus", ressaltou.
Everaldo e o cão guia em ônibus comumA segunda experiência de viagem aconteceu dentro de um coletivo não adaptado, com saída no Terminal do Ibes. A diferença foi nítida, porque o espaço na parte dianteira do veículo já é pequeno, e com um cão de grande porte a situação fica ainda mais complicada. Nos pontos os passageiros temem entrar no ônibus, e quando entram têm medo de passar perto do animal. "Isso é fruto do desconhecimento das pessoas. Deveria ocorrer uma campanha para conscientizar o usuário de que o cão-guia é treinado e não fere ninguém", disse Everaldo.
O motorista Júlio Segal, que costuma transportar o deficiente e o cão, admite que muitas vezes é difícil às pessoas compreenderem quando o cachorro está na entrada do veículo. "Os usuários se assustam quando se deparam com o cão na entrada do ônibus, algumas até deixam de entrar por medo, mas eu sempre preciso orientar que o cão é treinado e que não irá morder ninguém".
A Lei Federal no 11.126, de 2005, a pessoa com deficiência visual usuária de cão-guia tem o direito de ingressar e permanecer com o animal em todos os locais públicos ou privados de uso coletivo. Para prover acessibilidade ao deficiente visual e a cadeirantes, a Lei Federal de acessibilidade nº 10.098, de 2000, determina que até 2014 todos os veículos de transporte urbano do país deverão ser adaptados.
Fonte: Gazeta Online