A euforia de aprender a ler e escrever se transformou em frustração para 25 alunos do bairro de Terra Vermelha, em Vila Velha. Desde agosto, a turminha do Jardim II, da escola Professora Normília Cunha dos Santos está sem professor.
A preocupação das mães dos alunos é que, no próximo ano, as crianças não possam acompanhar as demais, nas turmas do 1º ano do ensino fundamental.
"A professora que dava aula para eles foi efetivada em outra escola, e a prefeitura não permitiu que ela continuasse lecionando lá. Procuramos a Secretaria de Educação, que disse que resolveria o problema, mas até agora nada", lamentou Rosilene Valeriano Silva, de 28 anos, mãe de uma aluna.
No mural de avisos da escola, segundo a mãe, foi afixado um cartaz, informando que não haveria aula para a turma do Jardim II, e que o motivo seria falta de professor. Informou ainda que outro educador não poderia ser contratado, em função do período eleitoral.
A diretora da escola Maria Izabel de Assis Marcelino dá outra explicação para a dificuldade de conseguir um substituto: "nenhum professor quer vir. Elas dizem que as mães daqui são muito exigentes, falaram até ‘barraqueiras‘. Tentei em várias Umei‘s, a secretaria também está se empenhando, mas, além do preconceito, existe a dificuldade de ônibus", justificou. Ela alega ainda que até chegou a substituir a professora com a turma por duas semanas. "Os alunos são ótimos".
Outra mãe de aluno, porém, disse que o problema não é só a dificuldade de transporte para o bairro nem o preconceito, mas os baixos salários pagos na rede municipal. "Nas escolas do Estado, a realidade é outra. O salário aqui é menor", afirmou Aline de Paula, 27.
Nenhum das justificativas apresentadas, porém, preocupa mais os pais que a tristeza dos filhos em não aprender como os demais. "Tem dia que minha filha volta chorando", afirmou Rosilene.
O outro lado
Neide Félix Moreira , Superintendente de Ensino da Secretaria Municipal de Educação de Vila Velha
A professora que era responsável por essa turma foi efetivada em outra escola também de Terra Vermelha. Como estamos em período eleitoral não podemos contratar outros educadores. O que vamos fazer é uma nova convocação de um concurso já realizado para ver se é possível mandar outro profissional para a escola de ensino fundamental, para que a professora, que foi efetivada, possa continuar na educação infantil até o final do ano. Acredito que o problema já deva ser solucionado em poucos dias, em cerca de uma semana.
Casos recentes
Maruípe. De janeiro a julho, alunos do colégio Octacílio Lomba sofriam com a falta de professores
Andorinhas. Numa escola do bairro, em julho, alunos estavam há dois meses sem aulas de Língua Portuguesa e Matemática
São Pedro. Nesse mesmo mês, a Escola municipal Francisco Lacerda de Aguiar, em Vitória, estava sem aulas de Português há mais de seis meses
Nova Almeida. De janeiro a julho, alunos da 7ª série Escola Julite Miranda Freitas ficaram sem aula de Matemática
Cobilândia. Escola Pedro Herkenhoff ficou sem professor de Matemática até o final de março
Fonte: Jornal AGazeta
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 01/10/2008 às: 17:58