O pleito em Vila Velha ocorreu de forma tranqüila, segundo a Polícia Militar (PM) e a Polícia Civil (PC). No Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) no município não foram registradas ocorrências até o meio-dia, segundo o delegado de plantão Sérgio Mello. No Batalhão da PM, localizado no bairro do Ibes, quatro pessoas foram detidas por boca de urna de acordo com soldados da unidade. A distribuição de panfletos com números de candidatos, os famosos "santinhos", foi flagrada em diferentes locais em Vila Velha por nossa equipe de reportagem.

Em Boa Vista, ao lado da faculdade UVV, dezenas de boqueiros à paisana e caracterizados com camisas e bandeiras de candidatos tentavam ganhar o voto de eleitores, que passaram pela rua José de Alencar. Assim como o resto do município, principalmente nas proximidades dos locais de votação, a rua amanheceu cheia de santinhos espalhados na via e na calçada.

Em Coqueiral de Itaparica, próximo ao colégio Francelina Carneiro Setubal, conhecido como Polivalente, cabos eleitorais fizeram distribuição a poucos metros da escola. Uma mulher que não quis se identificar ficou indignada com a abordagem de nossa equipe. "Não tenho nada a declarar", afirmou a mulher. A mulher demostrou irritação ao saber que foi fotografada por nossa reportagem. "Sinal de que sou a mais bonita da turma, certo?", respondeu com ironia.

Logo depois disso, nossa equipe iniciou a perseguição de uma Fiorino branca, placas MTL 3944. O trajeto foi da escola em Coqueiral de Itaparica até a saída do bairro Santa Inês, próximo à avenida Carlos Lindenberg. Ao longo do trecho foram quase 10 minutos de "chuva de santinhos".

Por onde o motorista passou, em frente a escolas, estabelecimentos comerciais, pontos de ônibus e demais locais com concentração de pessoas, uma senhora transportada como carona jogava dezenas de papéis ao mesmo tempo à beira da calçada.

Quando o motorista parou para abastecer, a carona, que preferiu não se identificar, se surpreendeu com ao ser abordada por nossa equipe. Apesar da prática caracterizar crime eleitoral, a mulher disse não temer a ação de autoridades. "Não é apenas eu quem está fazendo isso hoje. Eu não sou a primeira e nem a última", declarou.

A propaganda eleitoral no dia do pleito é proibida por lei. A boca de urna, como é chamada, embora seja muito praticada, pode resultar em detenção de seis meses a um ano ou prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período.

A propaganda é caracterizada por uso de alto-falantes e amplificadores de som, promoção de comício ou carreata, distribuição de material de propaganda política ou a prática de aliciamento, coação ou manifestação tendentes a influir na vontade do eleitor, conforme a Lei 9.504/97.

Fonte: Gazeta Online