Dez milhões de reais depois, e as orlas de Itapoã e Itaparica, em Vila Velha, vão ganhar uma ciclovia. Talvez essa seja a única novidade da reforma realizada pela prefeitura nos últimos meses. O calçadão, o traçado da via e o estacionamento, apesar de receberem mudanças, já existiam. Para piorar, a reforma não inclui os novos quiosques, chuveiros e banheiros, e os atuais ainda podem ser retirados.
A prefeitura afirma que o motivo para redução nas mudanças é a falta de verba. O recurso investido na obra veio depois de um contrato com o Banco do Brasil. "Tentamos recursos com governos federal e estadual para a obra, mas não conseguimos", relata o prefeito Max Filho.
A reforma chegou a ser orçada em mais de R$ 30 milhões. Eram esperados calçadão mais largo, banheiros, chuveiros, quiosques para prefeitura e pescadores, deques em direção à areia, entre outras alterações.
Mas intervenções foram necessárias, por questão ambiental ou por falta de recurso. "O calçadão foi reduzido, e fomos impedidos de avançar em direção à praia. Então avançamos para o asfalto", diz o secretário municipal de Meio Ambiente, Luís Otávio Carvalho.
O recuo do asfalto, por sinal, é reclamação de muitos moradores. Há sensação de redução de faixas e da área de estacionamento. "Mantivemos duas faixas para cada sentido. Ainda estamos com a sinalização horizontal antiga, o que confunde os motoristas", explica Oswaldo Nessa, secretário de Obras. A reforma - que iniciou em outubro de 2007 e foi interrompida durante o verão - será concluída em 23 de dezembro, garante a prefeitura.
Verão pode ser sem nenhum quiosque
Após interromper a demolição de quiosques por conta de um decreto da Câmara, Vila Velha pode ver os restantes serem derrubados. A Gerência Regional do Patrimônio da União tem 60 dias para começar a analisar as condições físicas, sanitárias e legais dos 57 quiosques ainda de pé. A partir do dia 24, o órgão da União estará obrigado a derrubar quem estiver irregular.
Recuperação de restinga promete conter areia
Perigo: areia na pista. E praticamente todo dia. Quem trafega por Itapoã sabe que próximo à Rua Jair de Andrade, na região dos pescadores, a avenida principal que beira a orla é tomada pela areia da praia. Quando o vento é em direção ao continente, então, até a calçada do outro lado da via vira areal. Mas a prefeitura garante que o problema começa a ser resolvido ainda neste ano.
Dentro do projeto de revitalização das orlas de Itapoã e Itaparica, foi exigida, pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), a recuperação da mata de restinga de toda a região.
"Replantando-se a restinga, as chances de conter a ação do vento na orla só aumentam", afirma o gerente de Controle Ambiental do IEMA, Fernando Aquinoga de Mello.
O secretário de Meio Ambiente de Vila Velha, Luís Otávio Carvalho, afirmou que o replantio começa ainda neste ano, primeiramente na região próximo dos pescadores. "Depois, avançaremos para a parte onde estão os quiosques", explicou.
Segundo ele, além da restinga, novas árvores serão plantadas na orla; e algumas castanheiras, retiradas.
Cimento e piso para cegos no calçadão
Uma calçada simples, prática, eficiente e de qualidade. Isso no ponto de vista da Prefeitura de Vila Velha, que defende o modelo implantado de calçadão nas orlas de Itapoã e Itaparica, no município. Mas quem anda pelo local se pergunta: por que a calçada que está na orla se parece com as demais das ruas da cidade?
A prefeitura adotou por usar cimento (com algumas alterações na composição) e um piso tátil, de identificação para deficientes visuais. Esse piso, por sinal, diferentemente de outras calçadas, fica próximo à praia e não à rua.
"Um engenheiro da prefeitura desenvolveu um novo processo de secagem do cimento usado que impediu qualquer rachadura no piso. Tanto que outras prefeituras estão nos procurando para saber qual a técnica que foi usada", argumenta o secretário municipal de Obras, Oswaldo Nasser. Além disso, defende que, com o orçamento que tinha, a prefeitura optou pelo mais barato, mas de qualidade.
Sobre o fato de o piso tátil ficar do lado da areia, a resposta é simples: "Esse piso serve para informar sobre os riscos. Geralmente indica presença de lixeiras, orelhões. E, nesse caso, da areia. Para a rua, há o meio fio", explica Nasser.
O povo pergunta
Alexsandro Alves de Souza , 21 anos, operador de caldeira
Por que a prefeitura resolveu fazer uma obra na orla de Itaparica? É uma questão política?
Prefeitura: Foi por questão de necessidade. E a obra foi regida por um compromisso assinado pelo município de Vila Velha, pelos Ministérios Públicos do Espírito Santo e Federal e pela Secretaria de Patrimônio da União.
Merlin Frederico , 44 anos, funcionária pública (turista de Minas Gerais)
O que o prefeito pretende fazer para conseguir terminar essa obra até o final deste ano? E por que não se consegue manter a cidade limpa e organizada durante as obras?
Prefeitura: Vamos manter a obra acelerada, no ritmo que já está, para garantir sua conclusão até 23 de dezembro. Os transtornos são inevitáveis durante a realização de obras. Sofre-se um pouco agora para se garantir a diversão no verão.
Welma Franco , 39, publicitária (turista de Minas Gerais)
A cidade tem um plano piloto? O que espera fazer para não assustar os turistas no verão por conta dessa obra?
Prefeitura: Queremos entregar a obra pronta para o verão. Convido a turista a conferir isso. O que temos de programação da cidade é a Agenda 21, o Plano Diretor Municipal. Plano piloto quem tem é Brasília. O traçado da cidade é da época do império. É mais antigo.
A cara da beira-mar
Calçada . Será mantido o tamanho da que era antes, mas com um piso de cimento (diferenciado). Terá 3,2 metros de largura, em média, variando de 2,6 a 3,6m. Mas alguns trechos ficam em 2,1m
Ciclovia . Será incluída uma via para ciclistas, de 2 metros de largura
Restinga . Áreas de restinga serão recuperadas, principalmente em Itapoã, e dezenas de árvores serão retiradas por fazer sombra ou estar no caminho do calçadão. Mas 120 serão replantadas
Faixas . Número de faixas de veículos permanece o mesmo ? duas por sentido ?, mas agora com um canteiro central
Estacionamento . Serão 834 vagas para automóveis. Em alguns trechos, não haverá estacionamento do lado dos prédios. Um dos bolsões de vagas será mantido perto do boliche, e outro, perto da rotatória, será substituído por uma área verde e vagas em 45 graus
Quiosque . O projeto previa 84, depois 44, e hoje esperam-se 32. Antes da reforma, eram mais de 150
Rotatórias . Será mantida a que fica no final da praia e uma segunda, no meio
Caminhão . O trânsito desses veículos só será permitido em certos horários e para serviços como mudança, carga e descarga e recolhimento de lixo
Iluminação . Postes que iluminam a praia serão mantidos, e novos, para o calçadão, serão instalados
Serviço . A orla ainda contará com novos orelhões e lixeiras
Fonte: Jornal AGazeta
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 31/10/2008 às: 09:03
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