Quase um ano depois do início do impasse - ainda sem solução ? sobre quem financiaria os investimentos para melhorar o tráfego na Terceira Ponte, o governo do Estado está estudando novas possibilidades de intervenção para aumentar a capacidade da via, que já está saturada.

Pelo menos três propostas estão sendo analisadas pela Secretaria Estadual de Transportes e Obras Públicas (Setop). Entre elas, a implantação de alças na descida da ponte, em Vila Velha, para distribuir melhor o fluxo.

"A questão da mobilidade urbana tem sido nossa maior preocupação. E estamos avaliando o que seria melhor", destaca o sub-secretário, Valdir Uliana.

Segundo ele, a proposta anterior, de construir alças no meio da ponte para abrigar a praça do pedágio ? um dos principais motivos do impasse que se arrasta até hoje entre governo e Rodosol ? continua sendo avaliada.

"Além disso, estamos estudando a retirada da faixa central da ponte, para abrir uma nova faixa", lembra o subsecretário. A diferença, é que dessa vez a faixa deve ser fixa, utilizada no sentido Vitória-Vila Velha.

A Prefeitura de Vila Velha apóia as iniciativas. "Entendemos que é preciso tomar alguma medida urgentemente, pois qualquer problema na ponte reflete no Centro de Vila Velha", destaca o secretário de Serviços Urbanos, Romário de Castro.

Para ele, os problemas do trânsito da cidade são pontuais e têm horário marcado. "O importante é descentralizar o movimento ali na região. Distribuindo melhor, podemos evitar os engarrafamentos", destaca.

O trânsito na Terceira Ponte já ultrapassou a capacidade da via. Quando foi construída, a estimativa era de que circulassem 35 mil veículos por ela, diariamente, quando completasse 50 anos. Em apenas 20 anos, o fluxo diário já é superior a 60 mil veículos. A capacidade por hora também foi ultrapassada. Atualmente, em cada sentido trafegam 3,7 mil veículos por hora, enquanto a capacidade máxima projetada era de 2 mil.

Vitória também precisa de projetos
A Terceira Ponte tem problemas dos dois lados e, segundo a Secretaria Estadual de Transportes e Obras Públicas, em Vitória, também haveria projetos para ampliar a entrada da ponte e minimizar os efeitos do trânsito nas vias que dão acesso a ela, como a Reta da Penha.

Mas a prefeitura da Capital nega que haja qualquer projeto a respeito. Segundo a assessorias de imprensa das secretarias de Transportes (Setran) e de Desenvolvimento da Cidade (Sedec), em 1999 foi realizado um estudo sobre uma possível intervenção no final da Reta da Penha, passando pela Praça do Cauê, para dar passagem em direção à Terceira Ponte, mas atualmente não há nenhum projeto a esse respeito.

Apesar das negativas das secretarias, em entrevista publicada por A GAZETA, no dia 23 de setembro, o prefeito reeleito João Coser afirmou que esse novo acesso está sendo avaliado para melhorar o trânsito da Capital.

"Nós estamos trabalhando também um estudo de acesso à Terceira Ponte, passando ali pela Praça do Cauê", disse, na época, em uma sabatina com os candidatos à eleição.

Moradores temem desapropriações
Moradores da Praia da Costa, curiosos e apreensivos com as informações sobre a construção de vias que podem passar próximas às suas casas, penduraram faixas de repulsa às possíveis obras que estão em estudo.
Segundo a presidente da Associação de Moradores da Praia da Costa, Vilma Acquaviva, os moradores estão com medo de serem surpreendidos.

"Nós da Associação não recebemos nenhuma informação oficial do governo ou da Rodosol. Essa falta de informação gera esse tipo de atitude. Esperamos receber informações sobre isso, sobre projetos, inclusive.

A angústia atinge, principalmente, os moradores de casas, porque temem desapropriações injustas", disse a presidente.

Nessa semana, houve uma reunião na Associação de Moradores na qual o assunto foi discutido, mas não houve como avançar, por falta de informação.
"Seria bom que o governo esclarecesse isso para acabar com as incertezas", completou Vilma.

Canal Bigossi: obras ainda estão na 1ª etapa
As obras do Canal Bigossi, em Vila Velha, foram divididas em duas etapas, sendo que a primeira está com a execução em 85%. Essa etapa ? entre as Avenidas Luciano das Neves e Carioca ? está sendo coordenada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado (DER-ES). A segunda etapa, entre as avenidas Carioca e Carlos Lindenberg, ainda não foi iniciada e o projeto está sendo concluído pela Secretaria de Transportes e Obras Públicas do Estado (Setop).

As obras do Canal Bigossi deveriam ser realizadas pela Rodosol até 2002, como previa o contrato de concessão com o governo. Porém, por meio de um aditivo contratual o prazo de execução foi adiado.

Em 2005, porém, o governo modificou o acordo, tomando para si a responsabilidade da obra. A tarifa do pedágio foi congelada por quatro anos e o governo iniciou a construção.

A primeira etapa das obras, ainda não concluída, foi realizada sem a necessidade de desapropriação de área por meio da Justiça. A expectativa é a de que a segunda etapa também seja dessa forma. De acordo com o DER-ES, ao final das desapropriações, a obra será entregue em 11 meses.

Rodosol aguarda resultado de estudo da FGV
A Rodosol aguarda os estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para se manifestar sobre investimentos na Terceira Ponte. Por meio da assessoria de imprensa, a empresa também informou que não participa dos estudos que estão sendo desenvolvidos pelo governo para aquela região, mas que no estudo de viabilidade de obras, apresentado ao governo do Estado, há previsão para construção de alças e da retirada da mureta central da ponte para transformação do espaço em uma faixa.

A divergência entre a Rodosol e o governo do Estado começou em outubro de 2007, depois que a concessionária entregou um estudo de obras na Terceira Ponte para melhorar o tráfego, com orçamento de R$ 52 milhões.

O governo quer que o investimento seja feito pela própria Rodosol. Mas a concessionária disse não ter condições de bancar as obras.

Dois meses depois, a Rodosol pediu para reajustar o valor dos pedágios da Terceira Ponte e da Rodovia do Sol, mas o Estado negou.

Neste ano, o governo encomendou um estudo à Fundação Getúlio Vargas (FGV) para verificar a viabilidade da retomada da concessão. A entrega do estudo já foi adiada pelo menos duas vezes, e o último prazo apresentado vence neste mês.

Os números da Terceira Ponte
Previsão. 235 mil era o número de veículos previstos para circular, diariamente, na Terceira Ponte, quando ela completasse 50 anos. Com quase 20 anos, ela já tem um fluxo diário superior a 60 mil veículos

Capacidade. 2 mil é a capacidade máxima, por hora, de veículos, em cada faixa, nos horários de pico. A capacidade total é de 7,2 mil automóveis

Fluxo. 3,7 mil veículos chegam a trafegar, por hora, em um único sentido da ponte, atualmente, no horário de pico

Pico. 5,7 mil é o total de veículos que trafegam nos horários de pico, somando os dois sentidos da ponte

Custo. As obras previstas pela Rodosol e entregues ao governo têm um custo estimado pela própria empresa de aproximadamente R$ 52 milhões