O capixaba vive um mês de novembro com um índice de chuva que, até ontem, já estava 50 milímetros acima do normal. E a chuva, resultado do fenômento Zona de Convergência do Atlântico Sul, deve permanecer por pelo menos mais dois dias no Espírito Santo, segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Ontem, a Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), enviou alerta de chuva forte à Defesa Civil do Espírito Santo. Para hoje, a previsão é de mais pancadas de chuva, e, para amanhã, o mesmo alerta se aplica à Região Centro-Norte do Espírito Santo.
Mais alto
Meteorologista do CPTEC, José Fernando Pesquero explica que o índice de chuva considerado normal para este mês de novembro no Espírito Santo era de 150 milímetros, mas ontem ele já estava próximo de 200 milímetros.
"É um mês fora do padrão, por causa da Zona de Convergência do Atlântico, que traz umidade da Região Amazônica, e que, no Sudeste, se soma à umidade existente, proveniente do Atlântico", diz Pesquero.
O meteorologista explica que a tendência é de que a estação de verão, que começa no próximo mês de dezembro e se estenderá até fevereiro de 2009, deva manter um padrão de chuva dentro da normalidade, o que significará, no trimestre, um índice variando entre 400 a 500 milímetros.
"Se a chuva se concentrará mais num mês ou se distribuirá pelos três meses, não temos como prever. Isso só é possível para um prazo máximo de três dias", diz o meteorologista.
Entre dezembro de 2007 e fevereiro deste ano, o índice de chuva ficou abaixo do normal, mas houve concentração, com pancadas de chuva em janeiro, no Sul do Estado, e, em fevereiro, no Norte e na Grande Vitória.
Aeroporto de Vitória fecha por 1 hora e meia
Amanda Monteiro
O mau tempo fez com que o Aeroporto de Vitória ficasse fechado ontem, das 13h às 14h30. Por causa da chuva forte que caiu na Grande Vitória, oito vôos foram cancelados e vinte e cinco tiveram atrasos de duas horas, em média.
Depois de reaberto, por conta dos atrasos e cancelamentos, houve bastante tumulto entre os passageiros que aguardavam no saguão paara embarcar. Segundo a Infraero, até as 20 horas de ontem, quatro vôos previstos para chegar na Capital foram cancelados, além de mais quatro que partiriam do aeroporto.
Atrasos
Os vôos de chegada e de partida tiveram duas horas de atraso, em média. Segundo a Infraero, 15 vôos que partiriam de Vitória para outras cidades do país estavam atrasados. E dez vôos previstos para chegar na Capital, também.
O fiscal de vendas Ronaldo Kyrmse aguardava para pegar o vôo das 16 horas, com destino a São Paulo, mas foi informado de que a aeronave só deveria chegar em Vitória às 18 horas. Por volta das 17h30, o vôo em que ele embarcaria foi cancelado e Ronaldo teve que entrar na fila para tentar remarcar a passagem. Segundo a Infraero, não havia previsão de quando os horários seriam regularizados.
Congestionamentos e 38 colisões na Grande Vitória
Congestionamentos e ruas alagadas passaram a fazer parte do cenário dos capixabas. Em Vitória, a Avenida César Hilal ficou debaixo dágua, principalmente no encontro com a Reta da Penha, em direção à 3ª Ponte. Outro ponto de alagamento foi formado na saída do pedágio, para quem vinha de Vila Velha para Vitória.
O trânsito ficou difícil em vários pontos e engarrafamentos se formaram nas principais vias da cidade: Avenida Fernando Ferrari, Avenida Dante Michelini e Avenida Jerônimo Monteiro.
Acidentes
De acordo com policiais rodoviários estaduais que atuam em Vila Velha, Vitória e Serra, das 7h às 17h de ontem, foram registradas 38 colisões entre veículos, todas sem gravidade. Desse total, somente em Vitória, foram contabilizados 25 acidentes.
De acordo com policiais que atenderam às ocorrências, todas as batidas foram causadas por velocidade acima da ideal para um dia de chuva, imprudência e falta de atenção dos motoristas. Alguns veículos que tiveram danos maiores foram rebocados para o pátio do Posto da PRE, em Jardim Camburi.
Também foram registradas colisões por policiais do posto da Avenida Carlos Lindenberg, em Vila Velha. Entre os bairros Praia da Costa, Itapoã e Centro, foram cinco acidentes, nenhum com vítimas.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram 17 colisões registradas nas estradas, entre às 7h e às 17h de ontem. Os registros se deram em trechos da Rodovia do Contorno, Carapina, Jardim América e Timbuí, em Fundão. Nenhum dos acidentes teve vítimas graves.
Em Vila Velha, ruas e avenidas ficaram alagadas
Letícia Cardoso
Em Vila Velha, muitas ruas ficaram completamente alagadas. O trânsito ficou um caos. As obras espalhadas pela cidade contribuíram para dificultar a vida dos motoristas, que tiveram que ter paciência e cautela para andar pelas ruas do município.
Na Avenida Carlos Lindenberg, sentido Centro – São Torquato, perto do cruzamento com a Darly Santos, parte da pista estava inundada. Alguns motoristas se arriscavam em atravessar o canteiro central e retornavam para o centro da cidade.
Em algumas áreas de Alecrim há risco de deslizamentos de encostas. Em Jaburuna, um buraco aberto pela chuva atrapalhou o fluxo de veículos.
Em Cobilândia e Rio Marinho, as ruas alagaram rapidamente. A aposentada Marilene Rosa fazia malabarismo na rua principal de Rio Marinho, se arriscando entre os carros para conseguir chegar em casa.
"Desde cedo eu precisava ir ao mercado. Quando a chuva deu um trégua eu fui. Mas olha a minha situação. Com sacolas na mão e passando dentro de água. Na minha rua a água já baixou, mas está cheia de lama. É pedir a Deus para que a chuva não continue", afirma Marilene. Na Ilha dos Aires, os moradores das ruas Fernando Coelho e Eucaliptos ficaram ilhados. Em Cocal, a situação foi a mesma. Clientes que estavam em bares na Rua Annor da Silva não puderam sair do local.
Defesa Civil não registra ocorrências
Mesmo com a chuva duradoura de ontem, a Defesa Civil Estadual e os órgãos de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica não registraram nenhuma ocorrência, como desabamentos ou desalojamentos, até o início da noite. O município que teve os maiores prejuízos por conta das chuvas recorrentes foi o de Domingo Martins. Estradas inteiras foram destruídas, e casas desmoronaram, no início da semana. Pelo menos 120 famílias estão isoladas. Ontem, a Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) enviou alerta de chuva forte à Defesa Civil do Espírito Santo.
Fonte: Jornal AGazeta