Uma operação da Defesa Civil para retirada de pelo menos 20 famílias de bairros alagados de Vila Velha contou com o apoio do Exército na noite de ontem. O 38º Batalhão de Infantaria enviou 18 soldados, três caminhões e uma viatura para socorrer moradores de Cobilândia, Pontal das Garças e Darly Santos.

O coordenador da Defesa Civil de Vila Velha, Adão Cunha, disse que algumas famílias foram encaminhadas para casa de parentes e outras para escolas. "O alagamento nesses bairros foi grande e com nossos veículos não estávamos conseguindo ajudá-las", explica.
escolas
Duas escolas estão sendo usadas como abrigo. Também são motivo de preocupação em Vila Velha, deslizamentos de encostas em Cobi, Cobi de Cima, Alvorada e Sagrada Família. Cunha disse que ainda esta semana, vai enviar à Defesa Civil Estadual o pedido de constatação de situação de emergência, decretada segunda-feira.

Ontem foi definido um Plano de Enfrentamento das Chuvas pela Defesa Civil Estadual, Secretaria de Estado do Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades) e defesas municipais. Foi definida uma forma de agilizar o socorro aos municípios mais atingidos, mesmo que não tenham decretado situação de emergência.

Haverá distribuição de colchões, cobertores, telhas e cestas básicas. "Os municípios que precisarem devem solicitar um parecer da Defesa Civil Estadual e nos enviar uma relação com os nomes dos beneficiados. Após o recebimento na Setades, a entrega deve acontecer em até quatro dias", diz a técnica do Sistema Único de Assistência Social, Christiane Bonatto Mafra.

O número de desalojados registrados no Estado subiu de 265 para 352 ontem, mas o de desabrigados permanece em 34. Com pelo menos 15 vítimas, entre desalojados e desabrigados, queda de barreiras e estradas vicinais comprometidas, a Prefeitura de Domingos Martins decretou ontem situação de emergência.

A Prefeitura de Viana, que sofreu alagamentos e deslizamentos de encostas na sede do município, Marcílio de Noronha, Industrial, Universal, Canaã e Soteco, pode fazer o mesmo nas próximas horas. Iconha, Vargem Alta e Baixo Guandu já decretaram situação de emergência.

Lindenberg alagada mesmo depois de estiagem
A Avenida Carlos Lindenberg, em Vila Velha, pelo menos até ontem à noite, ainda tinha trechos debaixo dágua. Próximo ao bairro Nossa Senhora da Glória, por conta dos enormes buracos escondidos pela água, o movimento de veículos chegou a ser desviado para dentro do bairro à tarde, mas voltou a ser liberado no início da noite.

Com os alagamentos era impossível desviar dos enormes buracos, alguns frutos das obras que estão na avenida.

Os transtornos atrasaram ainda mais os trabalhos de restauração – que já estavam atrasados –, e só devem ser concluídos em maio do ano que vem. Para isso, a Prefeitura de Vila Velha conta com a ajuda do governo do Estado para reparar o asfalto.

Com custo total de R$ 13 milhões, a reforma da avenida já estava sendo feita em parceria com o governo estadual desde abril, que se comprometeu em financiar R$ 10 milhões do total previsto. O restante seria de responsabilidade da prefeitura.

Segundo a prefeitura, no trecho a ser restaurado foi realizada ainda uma obra pela Companhia Espiritosantense de Saneamento (Cesan), que refez o asfalto onde foram necessárias as intervenções, com um recapeamento provisório. Neste local, porém, vários buracos se abriram com a chuva.

"A Cesan pediu para fazer a obra antes da restauração para não ter que reabrir o asfalto e nós concordamos. Só que o asfalto que colocaram não agüentou com a chuva. Agora a prefeitura quer que o governo repasse um valor a mais para a operação tapa-buraco, até porque a prefeitura não tem dinheiro para isso", afirmou o assessor técnico da Secretaria de Obras do município, Roberto Médice.

Enquanto as obras não ficam prontas, a população que já sofria com o péssimo estado da avenida, amarga agora os efeitos da chuva sobre as obras inacabadas. Na entrada do bairro Alvorada, por exemplo, era impossível ver o asfalto. Os carros tentavam passar lentamente pelo lado esquerdo da pista, formando uma longa fila, encostados no canteiro. Mesmo assim muitos caíram nos buracos.

Cesan diz que obra na via não afeta trânsito
A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) mantém 40 obras para ampliação do abastecimento de água e oferta de serviços de coleta e tratamento de esgoto na Grande Vitória, à exceção de Vila Velha, onde afirma não ter responsabilidade sobre buracos na Lindenberg, conforme aponta o decreto de situação de emergência publicado ontem pela prefeitura. Segundo a assessoria de imprensa da Cesan, a empresa concluiu em setembro a obra de implantação de uma nova adutora na Av. Lindenberg, e o trecho foi totalmente recapeado com asfalto. Em um outro local da via está em construção uma caixa de registro, mas a Cesan garante que a obra não causa transtorno no trânsito. Também na Lindenberg, serão realizadas obras de desvio da adutora de água tratada na esquina com a Rua Felicidade Siqueira.

Onde está o perigo nas rodovias

Rodovias federais
Contorno (BR 101) – Cariacica: desabamento de barreira sobre parte do acostamento
BR 101 – Serra: muitos buracos em virtude da retirada do asfalto em alguns trechos onde estava havendo recuperação. Próximo à ponte do bagaço, também há fragilidade do acostamento
BR 101 – Ibiraçu: deslizamentos de terra e quedas de árvores em vários pontos da via
BR 101 – Viana: desmoronamento de parte do acostamento, com meia pista interditada
BR 101 – Guarapari: deslizamentos de terra, meia pista com pontos de interdição
BR 101 – Linhares:deslizamentos de terra na área de cabeceiras da ponte sobre o Rio Preto do Norte
BR 262 – Viana: alagamento da pista do sentido Viana, com interdição parcial da via por conta de alagamentos. Também há buracos nas cabeceiras da ponte sobre o Rio Santo Agostinho (próximo ao complexo penitenciário)

Rodovias Estaduais
Norte-Sul: trechos de alagamento em Jardim Camburi, com interdição de alguns trechos em função da água empoçada

ES 060: trechos com asfalto antigo na área próximo à Samarco Mineradora, exigindo atenção do motorista

Fundão–Santa Teresa: trechos com asfalto antigo em toda a extensão da rodovia, muitos buracos apareceram depois da chuva aumentando o risco na região, exigindo atenção do motorista

As ocorrências nos municípios
Vitória: Houve deslizamento de encostas em São Pedro, Jaburu, Fonte Grande, Santa Marta e São Benedito. Dez pessoas estão desabrigadas. Não há desalojados

Vila Velha: Alagamentos em Cobilândia, Pontal das Garças e Darly Santos. Deslizamento de encostas em Cobi, Cobi de Cima, Pedra dos Búzios e Sagrada Família. Há 15 pessoas desalojadas, 22 desabrigadas e 20 famílias em definição

Cariacica: Desabamento de encostas em Valparaíso, Nova Brasília, Oriente, Sotelândia e Novo Horizonte. Em Flor de Piranema, 390 famílias foram orientadas a deixar suas casas. Há 30 pessoas desalojadas e 1 desabrigada

Serra: Houve alagamentos em José de Anchieta e Lagoa de Jacaraípe, Residencial Jacaraípe, Parque Jacaraípe e São Patrício porque a Lagoa do Juara está subindo. Há 32 pessoas desalojadas. Não há desabrigados

Viana: Os alagamentos, deslizamentos de encostas atingiram Viana–Sede, Canaã, Marcílio Noronha, Soteco, Industrial e Universal. Há 30 pessoas desabrigadas e 65 desalojadas

Interior: Vargem Alta tem 107 desalojados e 19 desagrigados. Baixo Guandu tem 21 desalojados e 12 desabrigados. Iconha tem 25 desalojados, Água Doce do Norte 30, Domingos Martins 12 e Itapemirim 20. Em Pancas, 55 pessoas precisam deixar suas casas

Danos: O Corpo de Bombeiros registrou 609 chamadas e atendeu 238 desde sexta-feira. Ontem houve 150 pedidos de corte de árvores. Há 351 casas danificadas, 87 deslizamentos de encostas e 37 quedas de muros.

Fonte: Jornal AGazeta