Espírito Santo recebeu um novo alerta de risco de chuva forte de hoje até o próximo domingo. O aviso foi emitido pela Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), do Ministério da Integração Nacional, e inclui, também os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.
"Essa é uma situação preocupante porque não tínhamos a expectativa de chuva forte depois de sexta-feira. Com isso as estruturas das defesas civis municipais continuam em alerta, como já estão, para dar resposta às necessidades", observou o coronel Álvaro Duarte, coordenador da Defesa Civil Estadual.
Segundo o Centro de Estudos Climáticos e Previsão do Tempo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe) há expectativa de chuva forte na próxima sexta-feira e sábado.
Entre hoje e domingo, o total de chuva por dia pode superar os 60 milímetros. A média para todo o mês é de, no máximo, 180mm. Na Região Metropolitana, no mês de novembro, já choveu 574mm - o maior volume de chuvas dos últimos 84 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Com os prejuízos que a chuva forte dos últimos dias provocaram em vários municípios do Estado, a preocupação está voltada para as áreas que já estão alagadas.
A Sedec recomendou atenção especial nas áreas de encostas e morros porque o solo já está bastante encharcado. O risco de deslizamentos e quedas de barreiras é maior, como também aumentam os pontos de alagamentos, principalmente em áreas onde houve registro desse tipo de problema.
No alerta emitido pela Sedec, em alguns momentos, a chuva forte pode ser acompanhada de descargas elétricas, exigindo mais atenção dos moradores e autoridades.
Ilhados há cinco dias em Jardim Marilândia
Há cinco dias o conferente Ricardo Rivelino, 38 anos, e toda a família estão ilhados na própria residência. Eles moram em Jardim Marilândia, na Rua Arara, e não são os únicos nessa situação. O andar debaixo da casa está intransitável. "No sábado, subimos para o segundo andar, onde funciona o salão da minha esposa", explica Rivelino. "Mas não conseguimos trazer tudo. Perdemos armários, camas, sofás... Quase todos os móveis", conta. Ele, a esposa e os filhos não conseguem sair de casa. Os cachorros tiveram que ficar no vizinho. "Moro desde 1982 aqui, nunca vi disso".
Comerciantes pescam IPTU na Lindenberg
No Depósito Alecrim, os funcionários apelaram para o humor nos últimos dias. "Só assim para aturar a chuva que caiu e o baixo movimento, quase sem clientes", conta Hélio Berto Cajueiro. De improviso, fizeram um peixe de papelão e o apelidaram de IPTU. A pescaria foi na "lagoa" Carlos Lindenberg. "Como disse meu marido, vamos acabar trocando os cachorros por dois tubarões", brincou a proprietária da loja, Deuzira Chiabay Medeiros. Ironia ou não, a única venda deles, nos últimos três dias, acabou com o estoque de botas e capas de chuva, além de muita lona.
"Há trechos onde eu carrego a bicicleta"
Morador de Alvorada, um dos bairros mais prejudicados com o excesso de chuva, Sebastião Elson Monteiro, 37 anos, conta que está impossível transitar no local. "Casas inundadas há dias, carros boiando. O pessoal começou a sair de casa só hoje (ontem). Mesmo assim está complicado. A maioria vai a pé, mesmo", conta. Ele tentava, de bicicleta, chegar à Avenida Carlos Lindenberg. "Há trechos onde eu tenho que carregar a bicicleta nas costas, de tão alagado", comenta. Dono de uma sucataria, Sebastião ainda não conseguiu abrir a empresa nesta semana.
Continuam inundados:
Bairros de Vila Velha
1. Alvorada
2. Alecrim
3. Cobilândia
4. Jardim Marilândia
5. Vale Encantado
6. Guaranhus
7. Pontal das Garças
8. 23 de Maio
9. João Goulart
10. Barra do Jucu
11. Barramares
12. Darly Santos
Bairros da Serra
1. São Patrício
2. Enseada de Jacaraípe
3. Lagoa de Jacaraípe
4. Jacaraípe
Vila Velha não envia documentos necessários para receber recursos
A Prefeitura de Vila Velha ainda não encaminhou à Defesa Civil Estadual os formulários necessários à homologação da situação de emergência, decretada pelo prefeito Max Filho na última segunda-feira. O trâmite é necessário para que os governos federal e estadual possam liberar recursos para ajudar na recuperação da cidade e no trabalho de socorro às vítimas da chuva.
Segundo o coordenador da Defesa Civil de Vila Velha, Adão Cunha, os relatórios estão sendo concluídos. Mas ele não deu prazo para o encaminhamento ao governo.
"Estamos trabalhando nesses relatórios, inclusive, com uma equipe específica para isso. Vamos entregar o mais rápido possível, mas não temos como determinar isso agora", disse o coordenador.
Adão Cunha disse que o município já está usando os benefícios do decreto de situação de emergência, com o pedido de compra de bombas-d?água, de alimentos, colchões e roupas de cama para assistir os desabrigados do município. A cidade é uma das mais afetadas pela chuva em todo o Estado.
Fonte: Jornal AGazeta
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 27/11/2008 às: 20:52
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