Imagine andar pela principal avenida de um dos bairros mais populosos de Vila Velha em meio a uma nuvem de poeira amarelada. Quem está de carro tem a opção de fechar os vidros, e encarar os buracos. Agora quem está a pé vê o resultado na hora: irritação nos olhos e garganta, pele suja e roupas manchadas. Essa é a realidade de quem passa pela avenida Santa Leopoldina em Coqueiral de Itaparica, bairro com cerca de 15 mil habitantes segundo a associação de moradores local.
Faltando seis meses para o fim do mandato do prefeito Max filho, as obras de macrodrenagem da Prefeitura de Vila Velha são as responsáveis por tantos transtornos a moradores e comerciantes. A vendedora de uma loja de calçados, Livia da Silva José, conta que sente até vergonha em determinados momentos quando um cliente chega na loja e repara a poeira sobre os calçados. Segundo Livia, ela e as colegas ficam o tempo todo com flanelas e espanadores na mão tentando deixar a loja em ordem.
“Toda hora tem que passar o espanador e o pano. Limpa vitrine, limpa o chão, limpa sapato, nos últimos meses têm sido assim. Vender e limpar. As mercadorias acabam ficando comprometidas pois temos que limpá-las com freqüência. Nenhum cliente se interessa por um calçado que esteja sujo”, reclama a vendedora.
Há quase dois meses a função do comerciante Geovani Monteiro é gerenciar, vender e limpar a loja de celular que tem na avenida Santa Leopoldina. Este é o período, segundo ele, que passou a conviver constantemente com o problema da poeira no estabelecimento. Enquanto conversava com a reportagem, Geovani limpava a vitrine.
“Quem passa aqui vê a poeira que está dando. Trabalhar num lugar desse é difícil demais. Dá impressão que a prefeitura não quer nem saber de quem fica aqui e depende dessa avenida para ter a renda mensal. Isso está acontecendo na avenida principal, em qualquer loja que entrar há poeira. Só aqui na loja eu tenho que limpar a vitrine pela manhã, tarde e noite”, relata Geovani.
E quem pensa que o problema com buracos e poeira acontece somente na avenida Santa Leopoldina está enganado. A Rua Itaperuna, que dá acesso a Rodovia do Sol, para quem passa na Santa Leopoldina, está interrompida. Montanhas de entulhos e areia, e máquinas fazendo barulho durante todo dia irrita moradores como o aposentado José Linhares. “Para melhorar alguma coisa a gente passa por cada uma. Dentro de casa não fica nada aberto. Se deixar cinco minutinhos, a poeira toma conta dos móveis”, conta o aposentado.
E a situação não está complicada somente para quem trabalha ou mora no bairro. Quem passa por ele acaba caindo nas armadilhas do trânsito. Na avenida Perimetal, duas restrições têm deixado motoristas confusos. Quem passava por ela, vindo de Boa Vista sentido Santa Mônica, não consegue passar mais. Interrupções próximo ao ginásio do Tartarugão, interromperam os dois sentidos da via e a ponte que corta o Canal da Costa por onde passa a rua 24. Tudo poderia ficar mais fácil para o motorista se tivesse placas informativas ou agentes de trânsito no local.
Quem consegue, enfim, depois de perguntar a um e a outro, chegar até a Avenida Atibaia que dá acesso ao bairro Cocal e no sentido contrário à avenida principal de Coqueiral, encontra um novo problema. A pista está funcionando em mão dupla, sem sinalização alguma. A sorte é contar com a educação dos motoristas.
Orla caótica
Saindo do bairro e indo para a Orla de Coqueiral de Itaparica, em qualquer rua por onde a pessoa chegue até à praia, a primeira visão é terrível. Não pelo mar que sempre apresenta um visual encantador, mas pelo calçadão que está completamente destruído, obrigando o banhista a se arriscar em em cima dos entulhos para chegar até à praia.
As pedaladas diárias viraram um tormento para a cabeleireira Dolores Timóteo. Há anos ela pedala pela orla e nunca havia sofrido um acidente até o início dos trabalhos de remodelação da calçada e avenida Estudante José Júlio de Souza. Nas últimas semanas além de quase atropelar uma pessoa que tentava atravessar a rua ela sofreu uma queda ao desviar de um carro com quem tem dividido o espaço desde quando o calçadão passou a ser retirado.
“Isso aqui esta ruim demais. Há muitos buracos. A gente tem que ficar desviando das pessoas no meio da rua, quase atropelando elas. Tem que ficar andando, desviando de buracos, assim fica complicado demais. Eu estou pedalando na rua, junto com os veículos, correndo o risco de ser atropelada. Um dia desses eu cai da bicicleta quando desviei de um carro”, conta a cabeleireira.
O secretário de Obras de Vila Velha, Oswaldo Miziara, informou, por meio de nota, que as obras na orla de Itapoã e Itaparica estão em andamento e dentro do prazo de execução. As intervenções nas ruas e avenidas citadas são obras de drenagem e obras de galeria que fazem parte do programa de macrodrenagem do canal, para o melhor escoamento das águas pluviais, inclusive escoando a água da chuva da orla de Itaparica. Quanto ao desemcapamento do calçadão de Coqueiral, as obras fazem parte do projeto de reurbanização da orla.
Fonte: GazetaOnline
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 11/06/2008 às: 13:33