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Estrago das chuvas: Em Vila Velha choveu menos. Mas nem parece...
 


A chuva dos últimos dias foi mais intensa em Vitória, mas os moradores de Vila Velha são os que mais estão sofrendo com alagamentos. Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), desde o início do mês até a última terça-feira choveu na Capital 522 milímetros, quase cem a mais do que os 427 registrados em Vila Velha. E os canelas-verdes devem se preparar: o fim de semana promete ser de mais chuva.

A meteorologista do Incaper, Ellen Nóbrega, disse que hoje a chuva ainda deve cair com força. Entre amanhã e a próxima segunda-feira, o sol pode até "dar as caras" de vez em quando, mas o tempo deve ficar nublado e com chuvas ocasionais. "A previsão é que apenas na terça-feira o tempo comece a melhorar", alerta.

Tempo firme que está sendo esperado com ansiedade por moradores de bairros como Cobilândia - que estão sofrendo com água nas ruas e dentro de suas casas, há quase uma semana. Enquanto isso, a obra que traria o fim de tanto sufoco, a macrodrenagem, continua atrasada.

A construção dos 8 mil metros de galerias em seis bacias do Rio Jucu, começou em janeiro de 2006 e deveria ser concluída em julho de 2007. Após revisões no projeto e problemas com empreiteiras, o prazo agora é o segundo semestre de 2009.

Até ontem, 1.377 pessoas tiveram que deixar as casas em todo o Estado. Somente em Vila Velha, são 725 pessoas desalojadas ou desabrigadas. O Exército voltou às ruas e retirou dezenas de famílias dos bairros Darly Santos e Pontal das Garças, que estavam isolados. O Corpo de Bombeiros também ajudou a defesa Civil Municipal, chegando de barco. Voluntários também colaboraram usando seus próprios caminhões para ajudar no transporte dos moradores para abrigos ou casa de parentes.

Nos bairros da região de Jacaraípe, Nova Almeida e Novo Horizonte, na Serra; Rio Marinho, Castelo Branco, Valparaíso, em Cariaciaca; e algumas regiões de Vitória também houve alagamentos. Na Serra também há dezenas de desabrigados e desalojados.

O vice-governador, Ricardo Ferraço, disse que os municípios precisam agilizar a conclusão dos relatórios de situação de emergência para que recursos estaduais e federais possam chegar às prefeituras.

Onde há desabrigados ou desalojados em todo o Estado
VITÓRIA
Desalojados: 41
Desabrigados: 10

VILA VELHA
Desalojados: 700
Desabrigados: 25

CARIACICA
Desalojados: 24
Desabrigados: 0

SERRA
Desalojados: 40
Desabrigados: 128

VIANA
Desalojados: 69
Desabrigados: 41

DOMINGOS MARTINS
Desalojados: 23
Desabrigados: 5

ÁGUA DOCE DO NORTE
Desalojados: 30
Desabrigados: 0

ICONHA
Desalojados: 25
Desabrigados: 0

BAIXO GUANDU
Desalojados: 21
Desabrigados: 12

VARGEM ALTA
Desalojados: 107
Desabrigados: 19

ITAPEMIRIM
Desalojados: 20
Desabrigados: 0

GUARAPARI
Desalojados: 32
Desabrigados: 0

Fonte: Defesa Civil Estadual com base em dados do Corpo de Bombeiros e Defesas Civis Municipais

Abrigados, mas precisando de doações
Em Jardim Guaranhus, Vila Velha, só na escola de Ensino Fundamental Professor Zaluar Dias, há cerca de 80 pessoas abrigadas. A funcionária pública, Dijonei Martins Lima, de 35 anos, disse que eles precisam de doações. "A gente precisa que o pessoal da prefeitura se faça mais presente. A gente não sabe o que fazer. É muita gente", diz ela que ajuda a preparar a comida dos desalojados.

"Quase que a gente acorda boiando"
Ontem, o que se via em Pontal das Garças, Vila Velha, era desolador. Muitas pessoas perderam tudo o que tinham. A dona de casa, Dayse da Silva Barbosa, de 31 anos, dormia quando a água começou a invadir a casa. "Quase que a gente acorda boiando. Molhou tudo, eu estou desesperada, eu nunca passei por isso", contou, chorando, a moradora.

Só de caminhão para sair de Pontal das Garças
Os moradores de Pontal das Garças, em Vila Velha, estão ilhados e incomunicáveis. O valão transbordou, alagando completamente o bairro. Ninguém consegue entrar ou sair do local, e os mantimentos começaram a faltar nas casas. A equipe de reportagem só teve acesso ao bairro, com a ajuda do caminhão do motorista Edmilson Gomes da Silva, 36, que também auxiliou outras pessoas a saírem do bairro.

Em Vitória, ruas viram rios
Em Vitória, várias ruas alagaram rapidamente com a chuva. Na Avenida Leitão da Silva, os carros passavam com dificuldade ontem. E as ruas transversais também ficaram cheias de água, assim como a Rua Constante Sodré.

Alguns pontos da Avenida Marechal Campos formaram grandes poças de água. E a Rua Pedro Botti, que faz esquina com a avenida, virou um rio. A água escondia buracos, e os pedestres que se arriscaram a passar por lá quase se machucaram.

Segundo a aposentada Alcy Bermudes, de 85 anos, que mora na rua há 20, a cena é comum em dias de chuvas fortes. Ela fez a casa em um nível mais alto, mas conta que mesmo assim, às vezes, a água entra. Os vizinhos pedem a limpeza das galerias, que são antigas e, segundo eles, estão com água e sujeira acumuladas.

Em Bairro de Lourdes, o teto da Instituição Profis chegou a desabar por causa da chuva, mas ninguém ficou ferido. Muitas ruas de Bento Ferreira formaram grandes poças. Em Jardim Camburi, a Avenida Carlos Martins encheu de água.

Ilhados também na Serra
A população que vive no entorno da Lagoa Juara, em Jacaraípe, e em São Patrício, perto do Rio Jacaraípe, na Serra, está vivendo em estado de calamidade pública desde o início desta semana. Depois que a lagoa transbordou, na última segunda-feira, muitas pessoas deixaram as casas, mas a maioria das famílias insiste em continuar no local.

A casa do construtor civil Tamar Filbe, 43 anos, em Lagoa Juara, foi uma das primeiras a serem atingidas. A esposa e quatro filhos foram para casa de conhecidos, mas, com medo de ter os pertences roubados, ele decidiu viver em cima da laje com o filho mais velho, de 20 anos. Os dois dormem em um barraco improvisado. Pai e filho também dividem espaço com 20 galinhas, que foram levadas às pressas do quintal para a laje.
Segundo o secretário de Defesa Social da Serra, Ledir da Silva Porto, há cerca de 150 pessoas desabrigadas no município e mais de 150 famílias desalojadas. A partir de hoje, equipes da Vigilância Epidemiológica visitarão os abrigos e áreas alagadas para aplicar vacinas.

Fonte: Jornal AGazeta

Enviado Por: Eliaro
Publicado em 28/11/2008 às: 08:28
 

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