As chuvas cessaram, mas a população de Vila Velha ainda sofre com os alagamentos nas ruas de alguns bairros. O drama dos moradores não teve fim, nem com a chegada do sol. O nível de água não baixou em algumas regiões. Pontal das Garças, Jardim Guaranhuns, Darly Santos e Nova Itaparica são os bairros mais afetados. Alguns comerciantes destas regiões tiveram que fechar as portas, por não terem condições de trabalhar. Nesta terça-feira (02), casas foram encontradas abandonadas em meio à água barrenta.
Já são 5.353 pessoas desalojadas ou desabrigadas após a chuva forte que atingiu o Espírito Santo no mês de novembro, segundo dados do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil Estadual. Somente em Vila Velha, 3.600 pessoas tiveram que deixar suas casas, de acordo com o coordenador adjunto da Defesa Civil Estadual, major André Có.
O comerciante, Osilis Conceição, de 56 anos, estava desolado. Há cerca de dez dias ele não abre sua loja, pois nem ele, nem os clientes conseguem acessar o estabelecimento sem entrar na água. Os móveis foram amontoados em cima de cadeiras e mesas para que não se perdessem na enchente. Para se proteger de doenças, comprou botas para ele e para a esposa transitarem pelas ruas do bairro Jardim Guaranhus.
"A situação está horrível. Não temos condições de trabalho. Eu tenho uma empresa fechada e outros vizinhos estão com os estabelecimentos todos fechados também. A loja está cheia de água, não tenho como trabalhar. É um desgaste muito grande, inclusive financeiro. Tive que sair do meu local de trabalho e alugar outra loja para trabalhar", contou. Até quem trabalha usando apenas a internet está com problemas.
O contador Adilson Alves Moreira, de 46 anos, disse que ele e a esposa não estão trabalhando por conta da chuva. "Eu sou funcionário liberal, dependo da internet para trabalhar e a rede não funciona. Os computadores todos foram molhados pela água da chuva . Minha esposa tem uma empresa de confecção que está parada há uma semana, porque não tem nenhuma condição de trabalhar. Não tem como as pessoas chegarem aqui e nem nós sairmos para atender os clientes", disse.
O comerciante, Adenilson Coco, de 48 anos, teve perda total da loja de peixes ornamentais. "Está sendo um caos. A empresa está parada há mais de dez dias. Nada funciona, nem a energia. Perdemos os animais que estavam lá e equipamentos. Prejuízo total", declarou abalado.
Passagem
Casas foram encontradas abandonadas nesta terça-feira. Os moradores que ainda persistem em ficar nas residências, enfrentam dificuldades de locomoção. O cheiro ruim do esgoto que também invadiu as ruas, incomoda. O aposentado, Fernando Félix, de 50 anos, teve que alugar outra casa para a filha e os netos, pois a situação da casa em que mora é crítica. O primeiro andar da casa foi totalmente invadido pela água.
"Nosso prejuízo é praticamente total . Todos os móveis foram perdidos. Na rua, não temos condições de entrar para chegar nas nossas casas para poder dormir. Infelizmente nessa rua moram pessoas que não têm outro local para poder se alojar. Elas dormem com as camas em cima de blocos de madeira e com o mal cheiro da rua", disse o aposentado em nome de alguns moradores do bairro Nova Itaparica.
Para chegar até à escola, a estudante Luiza Amorim, de 15 anos, precisa esperar a irmã em um local seco para calçar as botas. "Só assim conseguimos passar por essas ruas. Não tenho coragem de passar descalça para não me contaminar. Tem muita sujeira nessa água", falou.
Os moradores do bairro Nova Itaparica se reunirão em protesto nesta terça-feira (02), às 17h, segundo o aposentado, Fernando Félix. Eles prometem queimar pneus e interditar a Avenida Leila Diniz para chamar a atenção das autoridades sobre a precariedade da região.
O superintendente de serviços urbanos de Vila Velha, Fernando Grijó, afirmou que a prefeitura está trabalhando na drenagem no município. A água é retirada das ruas e bairros por meio de seis estações de bombeamento. No entanto, ainda há locais alagados como Pontal das Garças, Guaranhuns e Darly Santos onde o acesso permanece restrito e só é possível com auxílio de barcos.
Fonte: GazetaOnline