"O fedor está tão grande que chega a arder o nariz". As palavras são de uma moradora de Santa Mônica, em Vila Velha. Há dez dias um dos valões que corta o bairro transbordou, e mesmo sem chover, a água do esgoto está demorando mais tempo do que o esperado para escoar. A situação está insuportável porque a água suja invadiu as casas e fez com que muitas pessoas abandonassem as moradias. O mau cheiro é constante porque a água está parada e também há risco de doenças para quem transita pelo local.
A auxiliar de serviços gerais, Elaine Maria Soares, 55 anos, carrega na bolsa um par de botas que é usado assim que ela entra na Rua 38. "Só salvei alguns móveis, o pouco que eu tinha foi atingido. Quase todos os moradores já se mudaram, porque não tem como morar aqui", conta. A moradora não tem para onde ir, por isso só resta esperar.
Nesta quinta-feira (04) o aposentado Darcy de Almeida, 76 anos, e a esposa, Maria, 74 anos, voltaram para casa depois de vários dias fora. A água alagou toda a residência. Com um carrinho de mão, o idoso começou a aterrar o quintal para tentar retirar a água de dentro da casa. Em condição financeira desfavorável, ele foi pegando todo material que via na rua, como pedras, tábuas e latas, para formar um caminho que desce para a porta da casa. "Tem uma semana que estou fora de casa, morando com meu genro. Só voltei hoje (quinta) para tirar mais água de dentro da casa", destaca.
A doméstica Vânia Rocha, 33 anos, está na mesma situação. Ela perdeu vários móveis e precisou abandonar a casa por causa do mau cheiro. ´Eu estou na casa de vizinhos. De manhã na casa de um e a noite na casa de outro. Porque não dá para voltar para lá não. O cheiro está horrível e minhas coisas estão mofando", relata.
Na Rua 35, a comerciante Marta da Silva, 52 anos, além de morar no local ainda tem uma loja de roupas íntimas, mas há uma semana ela não trabalha. Os prejuízos são muitos já que a água de esgoto invadiu o espaço. "O meu negócio está muito prejudicado. Não estou abrindo a loja porque está tudo alagado. O mau cheiro está insuportável e está dando mosquitos já. Também estou com medo das doenças porque há muitas crianças no bairro", reclama.
O transbordamento do valão adiou os planos da técnica de nutrição Janaína Alves Caldas, 37 anos, que tinha posto a casa à venda. Para a moradora, o valão nunca passou por limpeza periódica, e essa é uma das razões para que o pior tenha ocorrido. "Isso nunca tinha acontecido aqui. É uma luta, nós já estamos pedindo há muito tempo que limpassem direito esse valão, desde a época da seca, mas a prefeitura não veio. Agora a casa vai ficar muito desvalorizada e vou demorar para sair daqui", conta.
O Programa de Controle à Incidência de Mosquitos (Procim) da Secretaria Municipal de Saúde de Vila Velha informou por meio de nota ´que o valão estava com o nível de água elevado, pois as fortes chuvas que atingiram o município e encheram ainda mais o Rio Jucu´.
De acordo com a nota que ´o rio baixou 60 centímetros, nesta última semana, e, com isso, o nível de água do valão voltará ao normal. Com relação à limpeza, o Procim explica que assim que o nível de água estiver normalizado será feita a limpeza do local´.
Fonte: GazetaOnline
Enviado Por:
Eliaro
Publicado em 04/12/2008 às: 21:10