O Parque da Prainha, em Vila Velha – praticamente abandonado e em péssimo estado de conservação – está sendo utilizado como local de treinamento e prova de futuros motociclistas. A cada dia o número de motos se multiplica, assim como a reclamação de usuários e moradores da região. A prefeitura admite o problema e pensa em retomar o projeto de recuperação da área, rejeitado na administração anterior.

Enquanto esteve no local, a reportagem de A GAZETA chegou a ser ameaçada por um dos instrutores. "Se publicar minha foto ou da minha autoescola nn , te pego", disse ele ao fotógrafo.

O advogado Gervásio Antunes Neto, 47 anos, vai sempre ao Fórum de Vila Velha, a poucos metros do parque, e disse que a situação está insustentável.

"A área de estacionamento do fórum é pequena, muitas pessoas deixavam os veículos na região, mas estão tendo que estacionar nas ruas transversais. Chegaram a demarcar o chão no local de treinamento. Não sou contra os alunos terem uma área para treinar, mas ali não é adequado", explica. Segundo o advogado, o local também tem grande circulação de pedestres, inclusive crianças.

As reclamações atingem os dois lados. A instrutora de trânsito M.R., 27, comenta que o ideal para alunos e professores era ter uma área sem tanta circulação de pedestres ou estacionamento. "É um local aberto, sem abrigo para chuva ou sol, com fluxo de pessoas. Se acontece um acidente, é preciso conversar com o dono do carro e ver o que pode ser feito. Muita gente reclama".

O aposentado Nerlito Sampaio Neves, 83, também está entre os que querem uma solução urgente. "É um absurdo. Essas escolas ocupam as quatro pistas e as autoridades não dizem nada".

Mas nem todos são contra. O comerciante João Marcos Follador, 42, não se incomoda com os treinos. "Enquanto não acontece reforma no parque, isso não influencia em nada. Depois de pronta, deveriam arranjar outro lugar para eles".

Outro lado

"Local é o mais seguro para aula"
Roberto Couto de Souza , Presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores (CFCs)

O presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores, Roberto Couto de Souza, diz que o Parque da Prainha só é utilizado para treinos de moto por ser onde acontecem as provas do Detran. Ele explica que, embora não seja ideal, é mais seguro do que levar os alunos para o trânsito.

"Ao contrário do carro de treinamento, que tem embreagem e freio do lado do professor, a moto é totalmente conduzida pelo aluno", explica. O secretário de Trânsito e Transportes de Vila Velha, Osvaldo Maturano, proprietário de dois CFCs, diz que está tentando resolver a situação com a ajuda do Detran.

"O local utilizado não chega a um terço da área do parque. Acho justo existir um local próprio e isolado para o treinamento. A realidade é que ali não é seguro ou correto para quem transita, nem quem utiliza para treino".

Mas Maturano disse que não vai tirar os alunos da área da Prainha sem ter outro local apropriado para as aulas. O gerente operacional do Detran, Carlos Roberto Rosa, diz que há um ano as provas de trânsito acontecem no local, duas duas vezes por semana, pela manhã. "A orientação é que os CFCs utilizem apenas a área demarcada para a prova. Mas eles podem treinar em outros locais. Estamos procurando uma área fechada para a realização da prova, mas o local não será usado para treino".

Prefeitura estuda revitalização da área

Mais de um ano após recusar um projeto de revitalização do Parque da Prainha, a Prefeitura de Vila Velha, cogita retomar os estudos. O projeto, apresentado pelo Governo do Estado, contava com duas torres de vidro de 35 metros cada, museu, área de lazer, fontes, área para eventos, exposições, auditório, quadra de bocha e pista de patinação.

Dessa vez, a proposta pode incluir uma ligação direta com um píer, para estimular o turismo de cruzeiros, proposta da nova administração.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Octaciano Neto, há possibilidade da prefeitura contribuir financeiramente para o projeto, no valor de R$ 13 milhões, que seria custeado pelo Governo do Estado. A Secretaria Estadual de Cultura disse que as negociações não foram retomadas oficialmente, mas está disposta a conversar com a prefeitura.

A administração anterior alegou que o projeto não respeita as características históricas da região, fugia dos padrões arquitetônicos da cidade e exigiria um alto custo de manutenção. O projeto foi apresentado em 2007 e custou R$ 300 mil, pagos pela Chocolates Garoto.

Fonte: Jornal AGazeta