O objetivo era o mesmo: sair do Parque da Prainha, em Vila Velha, às 8 horas, e chegar ao desativado terminal aquaviário Dom Bosco, em Vitória. Mas com duas diferenças importantes: o meio de transporte escolhido, entre carro, ônibus do sistema Transcol e um barco de pescador; e o tempo gasto para se fazer o percurso.
O Cais: O antigo Terminal Aquaviário de Vila Velha, localizado na Prainha, atualmnte em nada lembra a movimentação de passageiros descendo e subindo nas embarcações na época em que o sistema servia de integração entre a capital e o continente. Hoje a antiga plataforma de embarque serve de abrigo para urubus.
Com a possibilidade das barcas voltarem a operar, a equipe de reportagem da Redação Multimídia (jornal A Gazeta, jornal Notícia Agora, Rádio CBN e portal Gazeta On Line) decidiu simular viagens entre Vitória e Veila Velha usando meios de transporte distintos: barco, ônibus e carro.
A Partida: Saímos da Prainha, em Vila Velha, pontualmente às 8 horas com céu azul e sem nuvens, com temperatura agradável e sob o saudável sol da manhã. O mar estava calmo e o trajeto foi feito de forma tranquila e agradável.
O barco utilizado pela nossa simulação em nada lembrava as antigas barcas. Ele foi projetado para carregar caixas e caixas de peixes, em vez de pessoas. Ainda assim, não houve desconforto durante a viagem. Muito, é verdade, pelas condições climáticas que garantiram à suposta viagem de rotina um cenário de passeio turístico.
O nosso acesso ao barco foi por meio de outras embarcações atracadas em uma cooperativa de pesca, ao lado da antiga plataforma do Terminal Aquaviário da Prainha, sítio histórico da época do Brasil Colônia.
A velocidade média do barco durante todo o percurso foi de 4 nós – equivalente a 7,4 km/h -, o que proporciona uma falsa sensação de lentidão. A título de comparação, no Rio de Janeiro, as balsas variam de 10 a 18 nós de velocidade – o que equivale a cerca de 18,5 km/h e 33,4 km/h, respectivamente.
O cenário: Somente para nos acomodarmos, e para o piloto realizar a manobra, gastamos exatos oito minutos. Às 8h09, a remota lembrança da adolescência voltava à mente aos poucos e nada mais nos restava além de apreciar as belezas naturais de Vitória. O curioso é que o cenário, ali todos os dias, ganha ares de novidade ao ser observado por uma outra perspectiva.
As águas calmas na Baía de Vitória, nesta manhã, garantiram um passeio sem o balanço do mar, costumeiro causador de náuseas e enjôos. Um dia de chuva ou com rebuliços nas águas da baía, em dias de maré alta, desfavoreceriam o transporte aquaviário.
Logo no início do trajeto, a Terceira Ponte e o Convento da Penha fazem jus ao título de cartão postal do Estado. Fugir da rotina de engarrafamentos, das longas filas em terminais rodoviários e da poluição visual e sonora da cidade fazem do sistema aquaviário uma alternativa para diminuir o estresse da volta para casa após um árduo dia de trabalho – especificamente, neste caso, para quem precisa utilizar a Terceira Ponte no horário de pico.
O tráfego: às 8h19 nos aproximamos do Clube Álvares Cabral, na Beira-Mar, e da Casa de Passagem. Durante o percurso, pequenas embarcações de pesca e remadores dividem o “trânsito” sempre tranquilo da baía, à exceção dos dias em que grandes navios atracam no Porto de Vitória para embarque ou desembarque de contêineres.
Não havia nenhuma estrutura de acomodação de passageiros no barco, é verdade. O forte sol, portanto, exigia o uso do filtro-solar. Mas, por se tratar de uma improvisação, vamos descontar essa adversidade.
O desembarque: Se aproximava das 8h26 e o piloto já se preparava para atracar o barco também em uma plataforma improvisada, já que a do antigo Terminal Aquaviário Dom Bosco, estava sendo utilizada por barcos particulares. Da maneira como entramos no barco, saímos: por meio de uma outra embarcação também atracada até chegar à plataforma, exatamente às 8h27.
A viagem foi rápida e agradável. Nos encontramos, minutos depois, na própria plataforma com a equipe de reportagem que realizou a viagem de carro. Daria para fazer mais uma viagem de barco e de carro até chegar a equipe que veio de ônibus.
As lembranças: A idéia de simular uma viagem de barco como meio de transporte, na Grande Vitória, fazendo o percurso da Prainha, em Vila Velha, até a avenida Beira-Mar, em Vitória, me trouxe a lembrança da adolescência, quando ainda utilizava o extinto Sistema Aquaviário, em meados de 1998, para ir à praia em Vila Velha com meu pai, quando morávamos no Centro da Capital.
Fonte: GazetaOnline
Guido Nunes, Antônio Cezar Martins, Maurílio Mendonça